Quando pensamos, não esprememos apenas o suco do conhecimento, armazenado em nosso cérebro. O corpo também quer embarcar nessa aventura.
Nosso corpo mostra, para quem está por perto, o esforço que fazemos para verbalizar o que sentimos.
Conheci um sujeito que não gesticulava. Falava, falava, seja da vida, ou de mulher, e batia forçosamente os dois pés.
Tem também outro cara que, quando ajustava e nos fuzilava com a sua verdade - num constante diz e desdiz - cerrava o punho e coçava o nariz.
Os casos não param por aí: Zé diz e contradiz, dos amores que conquistou, acariciando a aliança do dedo da mão.
Conheço uma gata sarada (ai de nós, coitados) que dialoga com as comidinhas que traz do mercado. Os frios, refris e enlatados são os seus versos cifrados.
No facebook, Z diz (e mostra) que conquistou lindas garotas e até curtiu uma sereia. Só que ninguém sabe, atrás do monitor, no seu cantinho solitário e abafado, ele expia sua culpa beliscando a orelha.(Lugar comum: a fera atira pra tudo quanto é lado, e não atira pra lugar nenhum!).
Se o tempo ameaça chuva, X se encolhe infeliz, e pensa com a cicatriz.
Antenor, quando o assunto é futebol, se contorce em pesadelos, e pensa com os pinos (que latejam) no tornozelo.
No piloto automático, Y não pensa e não se espanta. Tudo o que faz é repetir o mantra: se eu voltar a beber, ai de mim, eu boto pra perder, o peso que perdi!
tanta gente pensa que pensa. Pensa com o copo colado à mão.
Pensa com as piruetas da fumaça do cigarro.
Pensa com seu engasgo.
Pensa com seu catarro.
Quando saio pra balada, visto uma camisa apertada, e uma ideia logo me intriga:droga de vida, nada me resta senão apalpar e amolar minha barriga!
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