Eu me aconchego em tuas pernas
e o dilúvio troveja lá fora.
O raio corta o céu diz a que veio
e eu gozo e busco um recomeço.
A chuva imita o panelão em fogo brando
e eu medito sem dar ouvidos
ao coração ensanguentado.
"Ele é uma fraude", cochicham os sapos
e eu quero ouvir todas as músicas
que já ouvi,
e me olham os pesadelos
com suas máscaras
de branco vidro.
Sou uma fraude em brasa ao vivo
penso nisso e me desenrosco
das suas pernas
e me recolho e adormeço.
É um tempo tão mixuruca
que até os sonhos são miudinhos!
É que a noite em seu leito
é um resíduo de um velho dia
é que os retratos quase despertam
seu desamparo.
Chove
no silêncio
da sexta-feira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário