terça-feira, 15 de junho de 2010

MERA DIVERSÃO

Em quais de nossas atividades diárias nos divertimos? Na vida profissional, por exemplo, há alguma possibilidade disso acontecer?
Misturar pitadas de diversão na competição diária, como o leite no café (mesmo que seja em pó), é uma extravagância, ou quase uma necessidade?
Chamou-me a atenção o comentário do narrador da corrida de Fórmula Um, no último domingo: o piloto divertiu-se um bocado ao fazer manobras em que estavam implicados dois outros pilotos, mais velozes do que ele, e que buscavam ultrapassá-lo - já que brigavam pelas primeiras posições.
Nessas corridas, até os centésimos de segundo são importantes. É o tempo domado pela tecnologia. Esta tem sua margem de erro cada vez menor. As manobras, as decisões, neste curto espaço de tempo, são mecânicas (mecanizadas) ao máximo. Quem bom que, apesar disso tudo, o piloto divertiu-se.
Parece-me que a diversão é vista por nós como simples, sem importância, hoje em dia. Talvez por ter sido diluída pelos atropelamentos da vida que levamos.
Considero que abrir clarões para a diversão, em meio à selva da mecanicidade diária, é como vislumbrar um oásis no deserto.
A diversão a que me refiro pode ser chamada de lúdica e/ou estética.
Não é passatempo ou entretenimento, como boa parte do que assistimos na TV, ou vemos na internet.
Mas acima de tudo, essas brechas lúdicas só têm valor se causarem algum efeito em cada um de nós. Se nos despertarem para algo que ainda não percebíamos. Efeitos que funcionam à maneira de sacudidelas, e nos acordam para outras dimensões do existir, opostas à mecanicidade e superficialidade de nosso pensar e agir, seja individual ou junto com os outros.

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