Li tanta coisa, hoje.
Tratados de filosofia, compêndios de educação, jornais e as noticias oficiais do feriadão. Trinta e poucas mortes no trânsito (só no RS), uns oito afogamentos, homicídios, quebra nos recordes de calor...
Acho, li plugado no piloto automático. Porque nada me acordou do cotidiano previsível.
O que chamou a atenção, mesmo, foi vê-la cavalgando na avenida, alheia ao trânsito psicodélico do fim de tarde, alheia à bobeira desse poeta sonhador.
Montada em seu cavalo, acompanhada por outro garanhão (seria o mais experiente, o "treinador"?), presenteou-me com uma cena inesquecível: à visão que tive dos três animais, eu somei o som percursivo de dez patas e três ancas desfilarem na avenida.
Não teve jeito. Lembrei da música abaixo, que deixo aqui pra vocês.
Entrando no M'bororé - Os Serranos
Lá vem o Vitor solito
Entrando no M'bororé
E um cusco brasino ao tranco
Na sombra de um pangaré
Chapéu grande, lenço negro
Jeitão calmo de quem chega
Na tarde em tons de aquarela
Lembra um quadro do Berega
Entrando no M'bororé
E um cusco brasino ao tranco
Na sombra de um pangaré
Chapéu grande, lenço negro
Jeitão calmo de quem chega
Na tarde em tons de aquarela
Lembra um quadro do Berega
Um flerte troteando alerta
Num upa se nega pra os lados
E uma perdiz se degola
No último fio do alambrado
Apeia na cruz da estrada
E o seu olhar se enfumaça
Saca o sombreiro em silêncio
Por respeito à sua raça
Num upa se nega pra os lados
E uma perdiz se degola
No último fio do alambrado
Apeia na cruz da estrada
E o seu olhar se enfumaça
Saca o sombreiro em silêncio
Por respeito à sua raça
Refrão:
Lá vem o Rio Grande à cavalo
Entrando no M'bororé
Lá vem o Rio Grande à cavalo
Que bonito que ele é
Lá vem o Rio Grande à cavalo
Entrando no M'bororé
Lá vem o Rio Grande à cavalo
Que bonito que ele é
Procura a volta do pingo
E alço o corpo sem receio
Enquanto uma borboleta
Senta na perna do freio
Até enterte o cristão
Que se cruza campo a fora
Mirar a garça matreira
Com seu pala cor de aurora
E alço o corpo sem receio
Enquanto uma borboleta
Senta na perna do freio
Até enterte o cristão
Que se cruza campo a fora
Mirar a garça matreira
Com seu pala cor de aurora
Pois lá num rancho de leiva
Que ele ergueu com seu suor
Fica um sonho por metade
De quem vive sem amor
Num suave bater de asas
Cruzam bandos em alarde
E as garças e o Vitor somem
Lá na lonjura da tarde
Que ele ergueu com seu suor
Fica um sonho por metade
De quem vive sem amor
Num suave bater de asas
Cruzam bandos em alarde
E as garças e o Vitor somem
Lá na lonjura da tarde
http://letras.mus.br/os-serranos/209278/