Na
Alemanha as pessoas saem pelas
ruas com livros
e leem nas praças e
metrôs e ônibus.
Ela diz que é independente e é casada
e conversa comigo por chamadas de
vídeo.
Adoro imaginá-la assim, longe, tanto
faz
se estivesse na minha rua ou na
Amazônia
ou Paris ou Nova York ou Berlim ou
Londres.
Ela tem alma, e isso me enlouquece,
mas está fora de cogitação
me apaixonar.
Assim como está, alimentando meus
canários
e gatos e paranoias, já sou infeliz
o suficiente.
Pedi pra que não mandasse áudios.
É que sua voz me enlouquecia,
internava em clínicas para loucos
o meu sexo nas madrugadas
e era a morte e vida do meu pobre sono.
O que mais queria era que murmurasse
nos meus ouvidos canções de ninar,
sempre linda, sorrindo e peladinha
como veio a esse mundo.
Ontem, quando mandou esta,
junto com uma foto,
meu coração disparou:
– Oi! Estou
trançando minha juba.
Amei o que tu disse
naquela história.
Eu me vi ali...
Logo te explico.
– Tá bem. Vê se manda outras fotos
pra eu me pendurar na tua juba
lindona!
Já se passaram 24h e nenhuma notícia.
Nem das frases, nem da juba.
Nossa! Como essa vida solitária
me torna um pobre feliz!
(B. B. Palermo)
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