sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Nas mãos de uma caneta

 

e se contorce e me tortura
e diz que não sobreviveremos
aos ataques da maresia.
Falha muito mais do que os meus
raciocínios
per
versos.
Ideias seguem no mesmo rumo:
assopram, na cara deste sujeito
e sua cutis tostada pelo sol,
que eu/ele poderia estar
numa centena de lugares
ao mesmo tempo.
As unhas dos dedos crescem
enquanto me distraio
com as velhas amenidades
e também com a ponta desta caneta
que nunca foi de confiança.
Poderia cravar no papel
uma dúzia de frases
que jogassem luz nessas noites
que andam mais perdidas do que eu,
e me comunicassem do milagre
da imortalidade.
Mas não, sou boicotado
por uma
terrível
caneta!
(B. B. Palermo)

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