Quando as panturrilhas doem,
o coração não vai bem.
O fígado, ah, esse pobre coitado, deve estar num farelo,
preciso dar uma olhada nele.
O médico falava dos meus órgãos,
como se fosse mecânico falando de carburadores,
vazamento do radiador ou qualquer outra peça desregulada.
Cretinos invadem nossa vida
como se fossem moscas em dias de calor e umidade
e copos de cerveja pela metade
azedando sobre a mesa
de um dia para o outro.
Tantos pitacos,
vontade de fugir,
e não suporto bares vazios,
é terrível encarar a mim mesmo
diante do espelho
do banheiro.
Beira a doentio ouvir velhos papos,
futebol,
política,
negócios...
o mesmo de sempre.
Algo está errado.
Não consigo me afastar desses cretinos previsíveis.
Deve ser a idade ou força do hábito,
que nos leva a perguntar do coração,
rins,
próstata,
fígado e tals...
como se perguntasse da saúde dos cães e gatos e das amantes.
Escrotinhos, eu sei o que se passa:
temos medo de morrer.
(B. B. Palermo)
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