Uns caras surgem vagarosamente,
parecem desconfortáveis,
como se usassem cuecas novas apertadas,
bagos saindo pela boca.
Desconfio que esses malucos
serão os próximos psicopatas
a trucidarem crianças e professoras
numa singela escola de um lugar remoto do país.
Eles me fitam e dizem Estamos juntos nessa, brother.
Ganho tempo, enquanto arroto na cara deles
meia dúzia de ovos cozidos,
agorinha devorados.
Garotos, vivemos uma nova onda,
contamos agora com a grande presença
do Darwinismo social.
Os caras me encararam, creio que não sacando
a grandiosidade do que eu disse.
O dono do bar, o Manetta, buscou um litrão de ceva
e iniciou sua jornada apoteótica em torno da mesa de sinuca,
furungando as novidades da política e do futebol.
Lembrou também de um novo vírus,
parece que proveniente dos frangos
criados em cativeiro, sempre na China.
Radiante, mirei aqueles bonecos sonsos,
psicopatas amadores, e falei:
Sacaram? Nós somos os mais fortes,
vamos dar uma surra nesses vírus de quinta categoria.
Nós estamos no nível mais elevado da cadeia alimentar.
Nossa missão não é explodir crianças inocentes nas escolas,
Nossos verdadeiros inimigos são os "invisíveis",
vírus que estão brotando como chatos
nos pentelhos das putas.
Reparei que os moleques falavam as coisas deles,
como se eu não existisse.
Pena eles não conhecerem o Darwin,
nem saberem que somos macacos disfarçados de antas.
Uma pena mesmo, e isso pouco importa,
já que neste exato momento me convenci
de que não passamos de um bando
de papagaios desmiolados.
(B. B. Palermo)
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