Menina na janela, poodle no colo, curiosa com a passeata na avenida. Aniversário de sessenta anos de minha escola, o IMEAB de Ijuí-RS. Vi num relance, mas a memória gravou e repete, a cada poucos minutos, o seu replay. Apenas mais um flash, um clarão, uma estrela que nasceu. A todo instante, momentos como esse, nascem, morrem, sem ninguém perceber.
Vivo de replays. Ingênuo, creio que os que passaram, retornarão.
Ainda agora leio poemas de Marina Tsvetáieva, Russa, anticonformista, que viveu nas primeiras décadas do século XX. Ponho-me a imaginar como foi sua vida e dos que viveram essas décadas, tão cheias de descobertas e de guerras. Duas guerras mundiais, o Nazismo, enfim, como foi o céu e o inferno que viveu, o tamanho do desespero que a afastou da família e a levou ao suicídio.
Reencontro Marina, através de sua poesia. Leio, releio, seu recado, neste poema:
Para meus versos, escritos num repente,
quando eu nem sabia que era poeta,
jorrando como pingos de nascente,
como cintilas de um foguete,
Irrompendo como pequenos diabos,
no santuário, onde há sono e incenso,
para meus versos de mocidade e morte,
- versos que ler ninguém pensa! -
Jogados em sebos poeirentos
(onde ninguém os pega ou pegará)
para meus versos, como os vinhos raros,
chegará seu tempo.
Marina Tsvetáieva, teus versos venceram o tempo e o espaço. E comoveram meu coração. São os mais recentes replays que vão me acompanhar, passo a passo.
Não há barreira de tempo, espaço e de língua, enquanto houver homens que amam os livros, os traduzem e os publicam.
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