quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

SAIONARA



Tanta tragédia eu vejo ao redor

terremotos, guerras, drogas

fofocas fogos de palha

por todo o lugar

a dor absurda se espalha

seja em Ijuí

seja em Araraquara

mas meus olhos se alegram

sorriem e voltam a sonhar

porque apareceu

no seu horizonte

a Saionara!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

MARIO QUINTANA



Eu sonho com um poema

cujas palavras sumarentas escorram

como a polpa de um fruto maduro em tua boca,

um poema que te mate de amor

antes mesmo que tu lhe saibas o misterioso sentido:

basta provares o seu gosto...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

AMADOR

Na praia, tudo nos empurra a deixar pra depois. Aos poucos nos acostumamos ao sossego, como replay em câmera lenta. Pelo menos até uns vinte e poucos de janeiro o ritmo vai ser de tartaruga (sem querer ofender o bicho!) A não ser que alguma inspiração surja no caminho!

Lua crescente lua minguante

lua me leva pra onde for

contra a corrente ou a favor

sou amador sou amador.

A tua boca e o teu beijo

me envenenam pra onde eu for

seja em marte ou seja em Vênus

sou amador sou amador.

Saio pra rua armo barraco

tal qual lunático e agitador

mas quando ganho o teu abraço

viro amador viro amador.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Lya Luft - do livro "Perdas & Ganhos"



Não é preciso consenso

nem arte,

nem beleza ou idade:

a vida é sempre dentro

e agora.

(A vida é minha

para ser ousada.)


A vida pode florescer

numa existência inteira.

Mas tem de ser buscada, tem de ser

conquistada.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

BEM ANTES DO SUS, PRECISO CUIDAR DO MEU CORAÇÃO


A partir de agora, o Instituto do coração do Hospital de Caridade de Ijuí (HCI) atenderá pelo Sistema Único de Saúde. Serão prestados serviços de Alta Complexidade em Cirurgia Cardiovascular... (...) A estimativa é de que cerca de 1,5 milhão de pessoas sejam beneficiadas com o atendimento. (Zero-hora, 31/12/2009).

Devo continuar judiando meu coraçãozinho para depois, em desespero, depositá-lo ao "deus-dará" nas mãos do SUS?

Tantas vezes o fiz trabalhar dobrado, porque comi e bebi demais.

Tantas vezes o fiz bater acelerado e descompassado, porque tive ódio, inveja, fraqueza e medo. E aí, em vez de dar-lhe folga, devorei copos e pratos cheios de coisas desnecessárias, fazendo-o trabalhar como um escravo.

Nos momentos de correr e caminhar, oportunidade para enrijecer os músculos de meu coração, deixei-me apanhar pela preguiça, e não tive tempo para ouvir a voz da razão e, muito mais, do meu coração.

Não é por acaso que coração simboliza sentimento, emoção. Se alguém te disser, meio rindo, no momento em que você estiver e-xa-ge-ra-da-men-te agressivo, "pra que tanto ódio nesse coraçãozinho!", você tem que responder: "Não meu amigo, não é meu coração que odeia, mas sim minha razão, que é a fonte e depósito de meus pensamentos. Meu coração só quer amar!".

O SUS promete cuidar de meu coração com assistência de alta complexidade, mas eu quero me antecipar a isso, e conhecer a complexidade de meus vasos, os quais permitem o sangue circular pelo meu corpo.

Certo dia fiquei espantado quando li que meus vasos sanguineos, se forem emendados uns nos outros, tem o comprimento tal a ponto de dar duas voltas em nosso planeta. E o meu caro coraçãozinho é quem bombeia sangue para toda essa extensão de mim.

Cuidar do meu coração nada mais é do que cuidar de mim. Porque, se ele parar de bater, o na-da sobre mim se abaterá.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

SEM TESÃO NÃO HÁ SOLUÇÃO



Até parece que eu sei

o que ele sentiu

quando a viu.

Foi algo do tipo:


Seu cheiro me atrai e enlouquece

e quanto mais me aproximar

mais vou querer e tentar

e tentar e querer...


Até quando esse jogo vai durar, não sei.

O tempo do tesão tem sua própria duração.

domingo, 27 de dezembro de 2009

SOSSEGO


Caramba, nem nas férias temos sossego.
Responder e-mails, cortar a grama, limpar o quintal porque os vizinhos, a toda hora, nos lembram disso com suas indiretas: " -Olha que pode aparecer cobra venenosa!".
Encontrar um lugar decente para os recortes de textos de jornais, livros e cds espalhados pelos cantos.
O pior é que nem nas férias nos livramos dos lapsos. "- Cadê o bilhetinho que continha número do telefone celular e e-mail daquele contato que poderá mudar nosso destino?"
E as compras do mercado, essas ficarão comprometidas, se não levarmos um bilhetinho no bolso, nem que seja para comprar meia dúzia de coisas. Se não anotamos o que vamos comprar, carregamos pra casa um monte de supérfluos. E, o que é pior, vamos entupindo os armários com sacos plásticos, e entupindo nossa consciência com sentimento de culpa.

Mas não tem nada, não. Um dia ainda aprendo a meditar, pra deixar a mente orbitar no seu devido lugar!

sábado, 26 de dezembro de 2009

AVISO IMPORTANTE - Luis Fernando Verissimo



O uso excessivo do telefone celular

frita o seu cérebro como uma fornalha.

Não é verdade mas espalha, espalha.


(Da série "Poesia numa Hora Dessas?")

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

UM VIOLINISTA NO TELHADO



A tradição, com suas regras e princípios, garante o conjunto de crenças que vão nortear as decisões de cada indivíduo. A tradição vai amortecer nossas quedas e tropeços, e vai auxiliar na hora de justificarmos nossas misérias.

Por outro lado somos, ao mesmo tempo, rebeldes e frágeis, e podemos sucumbir (uns mais, outros menos) à contracorrente que vem da rebeldia - aquela força tentadora em direção à mudança.

No filme Um violinista no telhado, seu personagem principal é um pai, de cinco filhas, que está no meio desse fogo cruzado entre o velho e o novo. E ele vive o dilema de maneira intensa. Embora rude, sabe que os livros, a cultura, o conhecimento adquirido pelos mais velhos, têm grande valor.

E por isso, a todo momento, questiona a Deus, grande representante da tradição judaica, o porquê da condição de pobreza, dele e de sua família. É analfabeto, porém não deseja que suas filhas também o sejam. Sua esposa é simples, batalhadora, enfim, é uma síntese das "boas" atitudes que estão em comum acordo com os apelos de sua cultura.

Mas ele deseja que a esposa conquiste uma melhor condição do que aquela. O mesmo vale para suas filhas. Vale ressaltar que as filhas não se deixam limitar pelas rédeas dessa tradição (machista). Ainda mais quando chega à aldeia um jovem rapaz com mais estudo do que os que ali moram. Ele mostra para elas (desempenhando o papel de, até certo modo, preceptor) uma outra visão de mundo, a da luta de classes, da exploração e alienação social.

Enfim, o pai, que elegemos como sendo o personagem principal, encontra-se numa situação semelhante à do violinista no telhado: suas atitudes e condição, o lugar onde está, tudo isso é perigoso, pois a toda hora pode escorregar e se machucar. Mas iso só ocorre porque está vivo. Vivo e ativo.

O nascimento, que é uma afirmação sui gêneris do novo, representa esse lugar de risco, mas de abertura para novas possibilidades, que podem resultar em ruptura com aquilo que é nocivo para nós e para com os que convivem conosco.

Que nesse natal, o nascimento não seja apenas o daquele menino que todos conhecemos pelo nome de Jesus. Que o natal sirva também para o nosso nascimento.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O amor derreteu-se
como um sorvete
no calor do verão
e ajudou a moça a despir
pernas cochas e ombros.

Sua foto no jornal era o close de um lar

com marido, filhos e um amor sereno,

como disseram nossos pais.

Toda Lorena

  Olhava pro fogo mágico do entardecer, que mais parecia uma lareira mandando bem em viagens noutras esferas. Me encanto ao ver minha musa p...