Cheguei
no bar no intervalo do jogo do Grêmio.
Fazia
2 dias que, pela enésima vez,
havia
tomado a decisão de mudar de vida:
fazer
dieta, ser um quase vegano
e
quase minimalista,
e
me afastar do copo.
Meus
planos eram claros, cartesianamente falando:
usar
de minha Razão para alcançar o equilíbrio,
sem
ser influenciado por pastores ou padres ou coaches,
eu
sei aonde essa cambada quer chegar,
falando
de disciplina, ordem e prosperidade.
O
Grêmio perdia por 1 a 0 pro CSA,
os
malucos continuavam zonzos em campo
e
o Cesinha mamava o litrão de Brahma
e
corria pra calçada fumar
e
rosnar contra o time.
No
início do segundo tempo chegou no bar o Alopradovski,
torcedor
doente pelo Grêmio e com idade mental
de
uns 9, 12 anos.
Nos
últimos jogos do time ele escolheu o técnico
como
seu inimigo número 1.
Eu
me via diante do seguinte dilema:
as
pessoas se tornam alopradas porque torcem
pra
um time aloprado,
ou
é o contrário?
O
demente xingava e torcia contra o time,
e
todos no bar não compreendiam este absurdo:
como
pode o cara torcer contra o time do coração
por
não gostar do Roger Machado e ser apaixonado
pelo
Renato Portaluppi?
Olhei
para o lado, umas garotas devoravam seus lanches
num
semblante apavorado, olhei pro Cesinha e visualizei
seu
perfil de sujeito sanguíneo prestes a enfartar.
Em
silêncio me perguntei se nos próximos anos
conseguiria
juntar dinheiro suficiente
para
comprar uma passagem só de ida
a
Marte.
(B.
B. Palermo)