sábado, 8 de setembro de 2018
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
Vai com tudo, James Bond
Não tenhas medo da paixão. Enfrente essas garotas,
James Bond.
Tua Sharon Stone te aguarda, num silêncio carinhoso,
pra te libertar das fantasias impublicáveis.
Como podes ter medo, se fazes repetidos planos, da
vigília da noite ao frescor da manhã?
Pise fundo nas façanhas sentimentais, lubrifica teu
coração.
Dizem que o amor vive da falta e da procura, mas
sossega quando faz o bem.
Inspira-te nos santos, já que acreditas que devemos
mudar o mundo.
Amigo, queres ter muito dinheiro, pagar pelos
amores, pra descartá-los depois.
Tens medo do quê?
Pergunte à mamãe, pergunte ao Édipo, pergunte à
terapeuta – aquela ninfeta!
Eu sei que ela sempre vai responder:
- É um mistério, é um mistério...
(Teco, o poeta sonhador)
quarta-feira, 5 de setembro de 2018
Olhar assustado
(Poema Abertura, de Arnaldo Antunes)
Leio poemas de Cacaso. Um susto: batem à porta. Uma criança
pede algo para comer. A geladeira, quase vazia, guarda uma maça. Entrego-lhe
assustado, protegido atrás da porta entreaberta.
- Só isso?
Espio Cacaso sobre a mesa. Ele me devolve um olhar
assombrado. Também de violência e miséria vive nosso país.
(Poema de Cacaso)
(Teco, o poeta sonhador)
terça-feira, 4 de setembro de 2018
segunda-feira, 3 de setembro de 2018
Capitu
Um olhar de gata lambida apontou-me a trilha,
mas não me deu pilhas e lanterna,
apenas quilômetros de
subida.
- Tudo você pode, basta me seguir.
Olhei-a no fundo dos olhos, como quem espreme uma
laranja,
seu olhar dissimulado me piscou, e o que me veio na
hora, foi:
- Grande mentirosa.
Com ar de promessa, ela sussurrou:
- Você é o Superman, eu sou a Jane.
Algo ela disse que sempre evapora,
como dinheiro no bolso e paixões explosivas.
Seja você mesmo – ela disse.
Não se pareça com moleques samocos,
que têm na cabeça um coco sem água.
Não carregue mágoas – ela disse.
Olhou-me, eu guardava remelas no nariz.
- Você é ator, eu sou a atriz.
Você é o cara – ela disse. Venha comigo, não seja
cínico – ela disse.
Fitei-a com olhos de paixão voraz, e ela simplesmente
desviou o olhar.
Não sou muleta. Não tenho colo. Não há promessas. Não
sou mamãe – ela disse.
Ela não quer saber de fantasias.
Nu, pés descalços, retornarei ao lar.
O amor me chama noutro lugar.
O silêncio tudo me dirá.
Silêncio frio e molhando
judiando meu rosto
como esse inverno de agosto.
(Teco, o poeta sonhador)
sábado, 1 de setembro de 2018
Nuvem passageira
Quem sou eu?
Sangue
átomo
matéria
espírito
assovio
roubado pelo vento.
Uma cabeça confusa
com seu olhar embaçado
pelas cores e formas
do lixo que me sufoca.
Sou amigo dos bichos.
Me espanto com pássaros
acasalando,
com a música de grilos
metálicos.
Acredito em todos os meus sentidos,
e sinto a
presença de Deus nesses jardins abandonados,
na carcaça da cigarra presa no
tronco, no olhar do cão abandonado.
Um dia vou morrer. Por isso quero sentir tudo, aqui
e agora.
Sem pensar na recompensa. Se vai ser o fim de tudo,
ou um novo recomeço.
Vai, nuvem passageira. Não pense demais. Deixar para amanhã pode ser
tarde.
(Teco, o poeta sonhador)
segunda-feira, 27 de agosto de 2018
A selfie perfeita
Desejo a selfie perfeita, a imagem divina que vai agitar
o seu mundo.
Não sei em que lugar gatas exibem seus aparelhos, se
estão na balada ou no jardim da praça.
Quero ser capturado por aqueles dedos e sentimentos
ágeis.
Quero ter para mim seu tempo sagrado.
Quero amansar sua obsessão pelas fofocas das redes
sociais.
Minha performance nesse palco precisa abrir as
cortinas de suas varandas.
Mas, confortavelmente sentadas, elas passeiam por
outras nuvens virtuais.
Perco meu tempo. Desperdiço minha energia com a
imagem que quero mostrar para os outros. Outros fazem o mesmo. Todos fazem o
mesmo cálculo, todos decoram a mesma canção.
Admitamos. Vivemos um desfile de egos. E ninguém
liga para ninguém. Pelo menos até aqueles dias de insônia que amanhecem sombrios.
sábado, 25 de agosto de 2018
Tudo sempre igual
Abro o jornal, fico sem graça com a coluna policial.
Tudo sempre igual. Muita informação, tragédias, dilemas, nenhuma crônica ou
poema.
Jornal não educa para a sensibilidade. Para vender,
exagera no que ocorre de pior.
Jornal visa ao leitor indiferente, frio, que apenas
repete fatos parecidos uns com os outros.
Papagaios atualizam para outros papagaios as desgraças
do dia.
Sensibilidade nasce com a gente ou se educa? Sensacionalistas,
nossos jornais querem vender. Educar exige tempo e esforço, e não dá lucro.
Papagaios alimentam papagaios. Uns, livres para
narrar. Outros, engaiolados a escutar.
A coluna policial do jornal vira poema quando eu
espremo e verte sangue.
(Teco, o poeta sonhador)
sexta-feira, 24 de agosto de 2018
No olho da paixão
Quando você aparece entro em curto.
luzes acendem e apagam, como se estivesse
cercado por viaturas policiais,
ou por um festival de vaga-lumes.
Palavras fogem, fogem os gestos,
basta experimentar o teu perfume.
Não encontro motivos pra resistir
ao teu sorriso. E isso me enlouquece,
e sofrer assim não compartilho.
Estou ansioso e indeciso.
Eu sei que há tanta coisa no mundo.
Mas é em você, só em você,
que ando preso.
Eis a pergunta que me faço toda manhã:
será que um dia me libertarei do olho da paixão?
(Tiradas do Teco, o poeta sonhador)
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