Um olhar de gata lambida apontou-me a trilha,
mas não me deu pilhas e lanterna,
apenas quilômetros de
subida.
- Tudo você pode, basta me seguir.
Olhei-a no fundo dos olhos, como quem espreme uma
laranja,
seu olhar dissimulado me piscou, e o que me veio na
hora, foi:
- Grande mentirosa.
Com ar de promessa, ela sussurrou:
- Você é o Superman, eu sou a Jane.
Algo ela disse que sempre evapora,
como dinheiro no bolso e paixões explosivas.
Seja você mesmo – ela disse.
Não se pareça com moleques samocos,
que têm na cabeça um coco sem água.
Não carregue mágoas – ela disse.
Olhou-me, eu guardava remelas no nariz.
- Você é ator, eu sou a atriz.
Você é o cara – ela disse. Venha comigo, não seja
cínico – ela disse.
Fitei-a com olhos de paixão voraz, e ela simplesmente
desviou o olhar.
Não sou muleta. Não tenho colo. Não há promessas. Não
sou mamãe – ela disse.
Ela não quer saber de fantasias.
Nu, pés descalços, retornarei ao lar.
O amor me chama noutro lugar.
O silêncio tudo me dirá.
Silêncio frio e molhando
judiando meu rosto
como esse inverno de agosto.
(Teco, o poeta sonhador)
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