Uma dúzia de vezes vendi meu guarda-roupa.
Pense numa coisa que reina absoluta,
tomando conta de uma parede
do meu quarto.
5 portas,
2 maleiros,
muitas gavetas e cabides,
interior imenso.
Bela árvore de cerejeira,
cuidadosamente retalhada
e envenenada
para expurgar
cupins.
Obra toda lustrosa
que abriga centenas de peças de roupa
que um dia sonho doar.
Uma dúzia de vezes mudei de casa,
morei em praias,
viajei pra Europa,
publiquei meus livros.
Uma dúzia de vezes eu sonhei.
Minto.
Sonhei a vida inteira
e vou sonhar mais tantas vezes
até a eternidade.
(B. B. Palermo)
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