Eis o mundo real em sua marcha lenta,
pacífica, rimada e bem comportada.
Ele ri e cochicha ao observar
o palerma voltar ao lar de madrugada
flanando pelas ruas como um bailarino bêbado
amparado por umas pernas de pau.
Confuso, ouço muitas vozes,
às vezes familiares,
às vezes bizarras:
“A SALVAÇÃO ESTÀ
EM CUIDAR DO TEU JARDIM.
Não liga pro rosnado dos animais
que riem de ti!
Repara, Cadelão, ferve por todo o lugar
o eterno retorno – regras planas,
comportamentos carimbados,
todos cópias de outras cópias!
Filhos imitam pais, pais repetem os avós...
E vão sendo costuradas
ridículas árvores
genealógicas”.
Saquei a coisa.
Não há salvação se imitarmos uns fanáticos
pichando versículos e provérbios
nos muros e paredes e calçadas.
Não há salvação, mas sim (talvez) um singelo
caminho:
ouvir com sinceridade pequenos budas
que me acariciam como chuva de verão,
lembrando do bom e velho dever de casa:
“Fique alerta, Cadelão!
Não perca as rédeas
do teu EU interior!”.
(B. B. Palermo)
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