Cara, te falei que os cães do Texas
têm algo de diferente, né?
Ontem, quem me impressionou foi uma garota.
Disse que seu nome era Su.
Chegou no bar acompanhada de outras garotas.
Trocamos olhares, eu meio alto,
creio que ela também, e aí partiu pro jogo de sedução,
e quase me arrastou pra noitada.
- E tu não foi, Cadelão?
Cara, ela perguntou meu signo e, batata, fechou com o dela: geminianos.
Quis enrolar, dizendo que sou cara estranho, imprevisível, inconfiável.
Aí, quis saber o dia que nasci,
e garantiu que sou assim por causa das conjunções tais e tais
e que isso estava escrito nas estrelas.
Aí que tá, Beiço, senti que a manha dela não era de simples astróloga.
Foi sedução de uma sereia
que nos pega de calça curta, como no dia em que você medita na praia e acontece o milagre.
- Tá... e aí?
- Colou seu corpo no meu
e uma onda de calor me percorreu,
dos pés à nuca.
Falei "nossa, tu é quente demais!"
e ela "querido, sou Índia, sou cabocla, sou filha de Iansã".
Foi me abraçando e beijando e o Júnior, lá embaixo, louco pra batalhar.
Foi então que algo estranho aconteceu...
senti um desamparo,
uma força inexplicável quis me afastar dali.
Lembrei do pobre cartão de crédito
e no milzão que ia queimar.
- O que, tu deu pra trás??
- É, cara, tremi de medo, recuei e saltei fora.
- CADELÃO, POR QUE NÃO TE MATAS??
(B. B. Palermo)