Um guri de 14 anos foi ao futebol e não voltou. Aconteceu na Bolívia.
Um guri de 14 anos foi atingido no olho por um sinalizador.
E morreu.
Sentido figurado: essa areia movediça que é, ao mesmo tempo, refúgio e inferno. Ninguém aguenta uma vida literal, onde a distância entre cada palavra e seu significado se resume a uma linha reta. Mas tem hora e lugar para tudo.
Bando de loucos.
Só um louco aponta um sinalizador para uma arquibancada cheia de gente. E loucos, em bando, podem tudo. Porque são loucos. Porque ser louco é bacana. Porque só os loucos fazem parte do bando.
Jogadores, cartolas, jornalistas. Todos reproduzimos e induzimos, olhos vidrados, aos gritos: "Bando de loucos".
Batalha, exército, guerra, inimigo, morte súbita, guerreiro, matador. Termos que deveriam ser banidos para sempre do futebol. Porque a fronteira entre o literal e o figurado se apaga em um ecossistema contaminado pela paixão. É lindo morrer de amor. Na poesia. É lindo matar a saudade. Com um abraço. Num estádio de futebol lotado, ninguém está autorizado a matar. Ou morrer.
Sobe a placa: sai inimigo, entra adversário. Sai matador, entra artilheiro.
O maior jogador de todos os tempos se chama Pelé. Só. Duas sílabas que inspiram sorrisos, magia, poesia. E tem o gol do raio de sol, a folha-seca, a bicicleta, o balãozinho.
Não sei em que momento o futebol se transformou em guerra. Mas sei exatamente em que momento deveríamos depor as armas.
E esse momento já passou faz tempo.
Zero Hora de 23/02/2013 - Informe Especial - Tulio Milman
Um guri de 14 anos foi atingido no olho por um sinalizador.
E morreu.
Sentido figurado: essa areia movediça que é, ao mesmo tempo, refúgio e inferno. Ninguém aguenta uma vida literal, onde a distância entre cada palavra e seu significado se resume a uma linha reta. Mas tem hora e lugar para tudo.
Bando de loucos.
Só um louco aponta um sinalizador para uma arquibancada cheia de gente. E loucos, em bando, podem tudo. Porque são loucos. Porque ser louco é bacana. Porque só os loucos fazem parte do bando.
Jogadores, cartolas, jornalistas. Todos reproduzimos e induzimos, olhos vidrados, aos gritos: "Bando de loucos".
Batalha, exército, guerra, inimigo, morte súbita, guerreiro, matador. Termos que deveriam ser banidos para sempre do futebol. Porque a fronteira entre o literal e o figurado se apaga em um ecossistema contaminado pela paixão. É lindo morrer de amor. Na poesia. É lindo matar a saudade. Com um abraço. Num estádio de futebol lotado, ninguém está autorizado a matar. Ou morrer.
Sobe a placa: sai inimigo, entra adversário. Sai matador, entra artilheiro.
O maior jogador de todos os tempos se chama Pelé. Só. Duas sílabas que inspiram sorrisos, magia, poesia. E tem o gol do raio de sol, a folha-seca, a bicicleta, o balãozinho.
Não sei em que momento o futebol se transformou em guerra. Mas sei exatamente em que momento deveríamos depor as armas.
E esse momento já passou faz tempo.
Zero Hora de 23/02/2013 - Informe Especial - Tulio Milman