Os ETs são incríveis.
Leem pensamentos como quem lê bula,
transformam-se num piscar de antena,
uma musa saída de sonho.
Mas o meu amigo de Saturno com sotaque gaúcho
ainda não fisgou a poesia.
- Poesia, EtBeto, não é pra entender, é pra sentir.
Ou fingir que entendeu.
Tipo isso:
"Quando ela me encontra
me entrelaça
agasalha
e amarra".
- Saquei: isso aí é uma armadilha afetiva.
- Calma. Tem mais:
"Ela me enlaça
e nós dois
somos um nós...".
- Véio... Agora complicou.
Esse “nós” é de laço ou é plural de eu?
- Exato!
- Exato o quê??
Foi então que EtBeto parou, olhou para o vazio de lá de cima,
ergueu seu dedo luminescente, e bradou:
- Descobri! A poesia humana não passa de sedução ambígua!
- Bem... em parte.
- É isso! E a ambiguidade é afrodisíaca!
Dias depois, EtBeto voltou para seu planeta natal,
lançou um livro de poemas com o título dúbio:
“Versos Enlaçados: entre o nó e o nós”,
abriu um canal interplanetário com dicas de sedução poética
e virou trend.
Hoje, todas as ETs suspiram, quando o Don Juan recita:
“No vácuo do cosmos,
teus olhos orbitam minha falta de juízo”.
Dizem até que ele está namorando 3 nebulosas e 1 cometa.
Tudo isso porque nunca entendeu de poesia.
(B. B. Palermo)
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