Não caminhava sozinho, estava rodeado
de uma legião de capetas, rindo,
zombando.
Vestiam branco e jogavam pro alto
seus cantos
vindos do outro lado da noite
do mundo,
no ritmo encanzinado do batuque.
Irmãozinhos, quais seus planos para
mim?
Ou tudo não passava de um sonho:
Vocês rezam para que eu acorde?
O mar está de ressaca e eu caminho
pra um lugar qualquer e nunca encontro
o entardecer,
e as peregrinações se repetem milhões
de vezes
e o retorno é um eterno ir e voltar
e não me metamorfoseio – estou enfeitiçado
pelas velhas fábulas.
Palermo, seu bosta! Que ideia é essa
de botar poesia pra cima de telhados,
decks e containers e dos magníficos
gramados deste lugar,
se os sujeitos gabaritados do Texas
erguem sem parar
casas e prédios,
em sua cabeça fermentam negócios
promissores
e o verão está chegando??
Segundo as projeções da especulação
imobiliária,
vai rolar muita grana por aqui.
Então, poetinhas, contenham-se,
juízo no copo e nesses ideais dominados
pelo contentamento dos instintos!
Não há outra saída... senão me
recolher.
Em casa, o computador me obedece
em sua lerdeza habitual,
parece comigo, cheio de dúvidas sobre
o que fazer no futuro.
É isso aí: fomos contagiados pela
insustentável
preguiça deste lugar!
(B. B. Palermo)
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