Pra me conquistar, baby,
você devia me devorar
com outra afinação.
Teus gritos numas notas
previsíveis
ainda vão me hospedar
num mosteiro.
Leia poemas da Adélia,
contos da Clarice
e esfregue na minha cara
canções do Chico e do Vinícius
e diga pra todo mundo
que sou poetinha
decadente,
um pecador
e punheteiro.
Tu só fala de gatos
e cachorros
e tios e avós
e bisavós e tataravós
e suas epopeias de imigrantes,
e eu tenho certeza que eles
não conseguem
ser ao menos
fantasmas
disfarçados
de faróis
a me guiar.
(B. B. Palermo)
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