Localizo um bar na direção noroeste
saindo da cidade.
Do outro lado da avenida
há um bosque com eucaliptos altos,
e nas suas copas uns ninhos
enormes de caturritas,
indo pra lá e pra cá,
ao sabor do vento.
Parecem estar na corda bamba,
como a minha vida de poeta
depenado,
fugindo da gaiola.
Não é primavera,
e os pássaros estão calmos.
Quando tudo florescer
e a sua gritaria for insuportável,
abandono meu ninho
e rumo para outro continente.
No bar, os caras entornam seus drinks,
despreocupados com futuras homenagens
nas funerárias,
por padres ou pastores
e suas belas e reconfortantes
mensagens:
"Foi um bom homem, bom pai,
esposo e trabalhador,
e agora descansa
junto ao Senhor".
Não suportamos pensar
que nosso futuro
é o repouso,
quando nosso ninho
não mais balançará
nem correrá o risco
de cair.
(B. B. Palermo)
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