domingo, 23 de outubro de 2022

Amo ser monge

 

Seu olhar é exótico,

de quem não compreende

o que a aproxima deste ser,

planeta ou meteoro invisível

movendo-se num ritmo

imprevisível.

Tu parece um monge - ela disse.

Depois queimou no fogo do inferno

a política, a arte, a ciência.

Tagarelou tanto, que passei a odiar

a política, a arte, a ciência.

Não tive outra escolha senão fazer uma pose

de derrubar as bolsas, falando:

Amo ser monge.

Torto, manco, cérebro enorme e vazio,

bíceps avantajado de quem mora em academia,

pernas finas e um gingado

de capoeira.

 

(B. B. Palermo)


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Adeus, meu rabo de cavalo

  O chão, de repente, é um cemitério de fios. Meu rabo de cavalo, breve como promessa de verão, caiu inteiro no colo do João, barbeiro rindo...