Uma garota insaciável pra satisfazer
e o meu feijão está aguardando, de molho,
há umas 24 horas.
2 dias fugindo de uma refeição decente,
isso em nome da inspiração e do amor.
É uma tarde agradável de terça,
tudo estaria mais ou menos,
porém nada de cerveja na geladeira.
Uma tarde agradável,
a maioria dos moradores do bairro
estão ocupados no trabalho,
então me convenço de que as coisas
estão no seu lugar.
Penso numa sortida salada verde,
arroz integral, um bife acebolado,
ovos galados cozidos, uma boa noite de sono
e não lembro quando foi a última vez.
Ela deseja um garoto sarado e ereções sucessivas...
Sabemos que ela merece, todos temos nossas fantasias,
mas estou fora de forma,
não lembro em que ano fiz o último checkup.
É que alguns de nós, machos pra valer,
fugimos de médicos e exames porque compartilhamos
a ideia envergonhada de que "quem procura, acha".
Não somos mais garotos, a pança só cresce e -
ao tentar mais uma vez -
nos damos conta de que os pés estão gelados,
enquanto a outra extremidade, a nossa cara,
está suando em bicas.
Nunca chegamos atrasados a um novo encontro,
nova paquera, novas possibilidades de gostar
e sentir falta de alguém.
Porém, entra em campo um outro EU,
um monstrinho pra lá de neurótico, perguntando:
Quanto de vida ela vai te dar?
Quanto de vida ela vai te roubar?
Como se nossa vida fosse algo
tão valioso.
(B. B. Palermo)
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