Aprendi com o filósofo Thoreau a meditar sobre a loucura da cidade, seu materialismo e artificialidade, e também a ter prazer nas caminhadas. O
objetivo é me aproximar da natureza, de preferência aquela que menos sofreu
interferência dos humanos. Caminho não para obter preparo físico, mas sim para
encontrar inspiração.
Estava nessa de respirar fundo, inalando o ar "puro" e
divagando sobre um monte de coisa, quando ELE de novo baixou das alturas. E foi
logo dizendo: "Cadelão, aquela gorda bisbilhoteira falou mais coisas a teu
respeito. Disse que tu tá igual uma barata que, depois de levar um pontapé,
fica horas de pernas pra cima, se debatendo, desesperada pra voltar a ter o
domínio da SUA realidade. Velho, não ligue para o que ela diz. Olhe ao teu
redor, tu tem uma vida boa, embora simples, mas tem combustível e garotas pra
pelo menos olhar e sonhar. Tu pode ser um bêbado devasso, mas teu semblante e o
caminhar são leves, diferentemente desses indivíduos com sua pança de refri e
comilanças nervosas e mil e uma preocupações e deveres e papéis sociais e
muitos negócios e muita grana e nenhum propósito sublime na vida, apenas
trabalhar e acumular. Meu, sei do teu sonho de ser muito lido e famoso. Tu quer
mesmo isso? Então vai por mim. Nas tuas histórias, não confesse as coisas boas
que tu fez na vida. Ninguém vai se interessar. Conte sim, em de-ta-lhes, as
coisas mais sórdidas e sujas que tu fez e viu por aí, esse povo vai se deliciar
e lambuzar de tanto ler e reler e pedir bis. Antes de subir, só mais um
conselho, pra ti e teus amigos: fumem uns baseados, viajem... É bom pra
relaxar... é bom pra dormir".
(B. B. Palermo)
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