domingo, 11 de agosto de 2019

Deby, eu só queria te amar


Decidi gravar minhas histórias e postar num canal, no Youtube.
Dei sorte de conhecer o Wolverine, um fortão de trinta e poucos anos, maluco e cachaceiro, mas com uma voz grave daquelas.
A primeira gravação foi no meu celular, lá em casa. E adivinha quem apareceu nesse dia, como se fosse um meteoro: a Deby.
Nervosa, ela ia de um lado pro outro, até que abriu o jogo, queria que a ajudasse a vender uma geladeira e um sofá que ganhou de um velhinho da cidade de Jóia.       
Fiz uma piada besta: 
- Mas o plantador de soja, Aquele, não liberou a mesada? 
Ela me encarou com os olhos chispando, e não disse nada.
Como não dei bola, Ela foi sendo possuída pelo capeta. O puto do Wolverine serviu-lhe um martini com gelo. Ela foi pro banheiro e saiu de lá num biquini desse tamanho. Pegou uma mangueira na garagem e apoiou num galho do abacateiro do quintal e ficou debaixo daquele jato, cantando umas boemias.
Qual é a dessa putinha? Hoje, quando me ligou, disse que ia gravar com o Wolve. Aí ela vem correndo e, o que é mais punk, vestiu esse biquini e fica se engraçando pra nós dois.
Meu amigo espiava a cena debaixo do abacateiro, e não me vinha outra coisa senão implorar “Wolverine, foco, seu maluco!”.
Pra ele, a gravação poderia ficar pra outro dia, o que valia agora era a bunda da garota.
Pensei: de jeito nenhum vou topar a sacanagem de sexo a três.
A água descia feito cascata e acariciava aquela bunda gostosa e Wolverini cada vez mais excitado.
- Velho, a tatuagem nas nádegas é demais!
- Volta aqui, filho da puta, vamos gravar essa bosta.
- Velho, aquele biquinizinho é demais!
Que merda. 
Parti pro plano B: convidei eles pra irmos até o bar do Geni. À noite meu time disputaria a semifinal da Libertadores contra um time do Equador.
Wolve e Deby sentaram juntinhos, de gracinhas e segredinhos, e eu fazia de conta que não estava nem aí.
Fodam-se. Hoje só quero saber de futebol e encher a cara.
Os dois ficaram naquele tititi e eu "não tinha" ciúmes. E o Geni me encarando, se eu de novo ia pendurar a conta.
Aí Ela falou:                                                                    
- Ele só me chama quando tá a fim de trepar.
Começou o jogo e logo meu time levou um a zero.
E ela:
- Cadelão é um egoísta. Não dá a mínima pro sentimento de uma princesa.
Meu time não acertava dois passes e não passava do meio campo. Deby partiu pro contra-ataque:
- Ele fica se achando, mas te garanto, é igualzinho a todo mundo. Óbvio demais.
Caralho, nosso jogador foi expulso. Pensei: Ela deixa de ser óbvia quando bebe, fode com o primeiro que aparece.
O time numa retranca danada, quase levou dois a zero.
Outra estocada da putinha:
- Eu já saquei qual é a desse bêbado escroto: tem medo de gostar de alguém e sofrer.
Nos acréscimos, meu time quase levou o segundo gol.
- Se o filho da puta começa a gostar de uma mulher, ele foge.
O juiz acrescentou mais dois minutos.
Aí Ela deu uma voadora e eu beijei a lona:
- Esse pau no cu não tem colhão pra admitir que gosta de mim!
Pendurei a conta, peguei o Monza e me escondi na penumbra de um barzinho qualquer do outro lado da cidade.
Quando Wolverine me ligou no início da tarde do dia seguinte, naquele tom de voz dramático, eu já sabia como a noite deles havia terminado.

(B. B. Palermo)

(* O título desta história é inspirado na música "Oh! Deby", da banda TNT).


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