O
letreiro amarelado do bar
e
os gritos vindos da mesa de sinuca chamam,
mas
uma voz que vem de um resto de consciência
pede
pra que volte pra casa.
Tenho
medo de voltar.
Moradores
do prédio vizinho rosnam,
e
a imagem que me vem é uma faca
atravessando
corpos na diagonal.
Garotas
espalham orgias pela noite
e
eu aqui melancólico.
Sei
que tudo se reinicia
e
sou livre e estou
rabiscando
essas neuras.
Posso
adotar um pet que me cuide,
posso
adotar uma garota que me chame
para
o café da manhã.
Livre,
porém paralisado. Sim, sei que
posso
fazer tantas coisas que ajudem a
suportar
as armadilhas.
Pode
ser um bom sinal o fato de achar engraçado
casaizinhos devorarem hambúrgeres gigantes.
Sei,
sei, isso tudo é banal, inclusive a melancolia
de
estar paralisado diante de uma folha em branco.
(B.
B. Palermo)
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