Essa coisa que nos anima, habita e se apossa, faz
acreditar, ter fé e esperança, torna fracos, reféns de ratos, moscas e baratas,
românticos e mansos, bárbaros viciados em tecnologia e bomba nuclear.
O ego te convence de que és joia preciosa, mas teu
passeio público e virtual é bijuteria, coisa de menos importância, se comparado
ao vômito depois da festa, naquele banheiro de dar dó.
Vives da sobra, e o dizes a todo mundo, numa voz
amplificada pelas redes virtuais.
Redes que sintetizam a prisão de cada um,
múmia diante do espelho, pose, câmera e selfie, injetando o doce remédio da solidão.
Não desista. És cultuado, carregado nos braços e
tornado oráculo. Apresento-vos novos deuses: psiquiatras. Antes do jogo começar
diagnosticam teus males, como o gato que se diverte torturando o filhote de pássaro
que caiu do ninho.
O doutor não tem tempo nem saco pra te ouvir. Ele só
tem remédios.
Sim, meus caros. A boa notícia é que não precisamos
aguardar a bomba da Coreia, ou a chegada daquele meteoro. Hoje. Aqui. Agora.
Estamos mortos.
(B. B. Palermo)
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