quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Cadelão, o poeta sensitivo

 

Quando estou mais pra lá do que pra cá, me passa na cabeça de que sou um cara sensitivo.  Aí, dispenso a bebida por alguns dias, faço meditação e bebo litros e litros de água.

Duas semanas atrás aconteceu algo que me deixou mais perplexo do que assustado. Daí desconfiar dessa estranha sensitividade.

Uma amiga da Ninfa dos lindos olhos suicidou-se. O fato me chocou, não por conhecê-la pessoalmente, mas por compartilhar as dores e o luto do meu amor.

A garota trabalhava num escritório que fica na avenida que atravessa a cidade de norte a sul. Soube da tragédia através de uma postagem no Facebook, compartilhada pela Ninfa. Final de tarde, a notícia baqueou meu peito, tanto que providenciei papel e caneta e corri até o bar mais próximo. As mãos tremiam quando escrevia isto: 
Não sei quem está numa melhor. Eu aqui, me entorpecendo de cerveja, ou ela dormindo a algumas horas no caixão, pra nunca mais acordar. Eu, com medos e incertezas, ela despedindo-se do contato com as manhãs, noites de insônia e lua cheia.Os comerciais de TV mostram jovens brancos, alegres, sarados e saudáveis. A felicidade, na tela, se expande com sorriso fácil. / Pouco sei de suas vidas, se visitam farmácias, se perdem o sono de madrugada. Não levo a sério o mundo que me vendem, até porque as coisas que me pedem pra comprar, como entorpecentes, não garantem mais do que meia hora de euforia. / A garota morreu.  Tantas vezes passei em frente ao seu trabalho com a esperança de ser notado por ela, jogando na sorte de que seu olhar me encontrasse.
nunca saquei (como poderia adivinhar?) que seu sorriso e atenção não resumem a essência de uma pessoa, nem tudo que se agita no seu mundo interior.  / Agora sei que existe muito mais vida nos silêncios de uma princesa. / Sei que abrir mão da vida talvez não seja um ato de coragem. Mas estou apegado às verdades do senso comum. É mais fácil rastejar na trilha segura do cotidiano do que pensar nos fios tênues que nos sustentam sobre o abismo.  / E acreditamos que a angústia, a tristeza e os gestos desesperados só acontecem com os outros. / Muitos me convidam para viajar, conhecer outros povos, estudar outras línguas. Estou convencido de que não devo estacionar neste lugar. / Mas hoje, ao saber de sua partida, acendeu esta luz: o mais importante, mais do que tudo, é buscar conhecer meu mundo interior”
.

Escutem só o que me deixou perplexo. Semana passada, depois que o primeiro bar fechou, em torno de uma da madrugada, eu e alguns amigos fomos beber e jogar sinuca num desses points que funcionam a noite toda. Acontece que eu tinha bebido muito e, lá pelas quatro da manhã, senti uma necessidade de voltar para casa, como se acendesse um alerta. Fiz de conta que ia ao banheiro e me aventurei sozinho pela avenida deserta no rumo de casa.

A garota enforcou-se numa construção abandonada ao lado do prédio onde trabalhava. Ao passar por ali ouvi um estouro, como se fosse uma bomba. Apavorado, perguntei a mim mesmo:

– Caralho, o que foi isso? De onde saiu esse estrondo?

Apressei o passo e me dei conta de que a embriaguez havia passado. Perguntava-me:

– Será que existem mesmo espíritos?

Contei o ocorrido à Ninfa dos lindos olhos, e ela disse:

– Sim! Você é sensitivo!

Será que me impressiono porque não sou mais garoto? Desde que fiz algumas leituras, principalmente de Nietzsche e Sartre, me considerava um niilista. Sim, se o cara morreu, tudo acabou. Agora que me aproximo do limbo, que já estou me acostumando com a ideia de ser um jovem velho, bêbado e escroto, vejo meu coração derreter como manteiga. Ou isso tem relação com a minha facilidade em idealizar o amor e captar as emoções, que sempre andam “à flor da pele”?

Hum... veio-me a lembrança de minha infância e adolescência e os mandamentos da igreja católica. Caramba, gurizada, por que essa tábua de valores – como se fosse a cruz que Cristo carregou – me acompanha até hoje? Ou quem sabe pago, com altos juros, os “deslizes” que cometi com namoradas quando tinha uns vinte anos?

Não... Não chegam a ser fantasmas de arrepiar os pelos. Creio que não valeria à pena contar. Tudo bem, vou narrar-lhes assim bem por alto. Perto da casa onde nasci e cresci, um vilarejo de famílias trabalhadoras, dóceis e obedientes, há uma gruta que faz companhia a uma linda cachoeira. A paróquia da cidade, muito católica, nomeou pra essa gruta uma Santa Padroeira – a Santa Bárbara. Todas as vezes que minhas namoradas vinham visitar meus familiares eu as levava para conhecerem a gruta, um dos poucos lugares turísticos da região. Além do encantamento com a beleza do lugar, e após contar um pouco a história daquela gruta, inclusive algumas lendas quando a região era habitada por indígenas, eu me esforçava para que rolasse aquele clima... Vocês sabem...

Está bem, vou abrir o jogo: transávamos diante de uma legião de estátuas, santas e santos, de velas acesas por pagadores de promessas, e sob o olhar sereno e complacente da santa padroeira. Quando eu levava as namoradas para conhecerem a gruta, realizava tudo quanto pedi na adolescência, após descobrir as maravilhas que o sexo proporciona.

Foram dezenas de novenas e pedidos realizados diante da santa.

Os adultos, submissos e crentes, pediam para que chovesse depois de seca, ou pediam uma farta colheita, ou boas vendas no comércio. Meus pedidos eram menos edificantes, orbitavam em torno de genitálias, bundas e peitos. Mas me digam, qual o pecado de se viver a juventude “como se não houvesse amanhã”, e aproveitar o dia (carpe diem) como se fossemos (e éramos) uns punheteiros meio “poetas mortos”?

  

(B. B. Palermo)


quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Vou largar de ser poeta


 

Avalio a possibilidade de fazer um concurso

com salário de 20 mil.

Vou largar de ser poeta,

preciso ganhar a vida,

um bom carro e estabilidade

e olhares admirados das novinhas

e das nem tanto.

Tranquilo, verei o mundo com olhar nobre.

Caramba!

Agora a coisa ficou plana,

nenhum angústia, medo ou melancolia

 – só vejo festas e glórias e alegrias.

Eis-me aqui, o Cadelão, um nefelibato –

o cara que perambula sobre as nuvens,

irmão fiel das estatísticas.

Eu e boa parte da população,

principalmente da meia idade,

seguimos algum pensamento mágico,

e este jeito sonhador

de encarar a realidade

talvez consiga baixar as taxas de suicídio.

Porque não, meu bem?

Eu continuo viajando e, sempre que possível,

acompanhado das novinhas!

 

(B. B. Palermo)


terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Passas ao rum


 Duas garotas passam devagarinho

num carrão importado

e uma delas me observou e observou...

Pensei:

– Vou te lamber todinha, como um sorvete

de passas ao rum, num verão de 40 graus

no lombo!

Ela continuou olhando mais e mais...

enquanto o carro se afastava, lentamente.

Meu sonho e o sorvete mudaram de estado:

antes sólidos,

agora são líquidos.

 

(B. B. Palermo)


sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Vou-me embora pra Delírius

 


Vou sair pelo mundo.

Doei os móveis de casa, roupas, calçados e carro,

vou descer noutro planeta

onde tudo é original.

Vou conhecer pessoas com classe,

mulheres elegantes e espertas e curiosas,

sussurrando sensualidade e apontando novos caminhos.

Vou sair pelo mundo e nada de olhar no retrovisor.

Não vou mais contrariar a mim mesmo.

Em Delírius não haverá gritões de bar

cuspindo verdades na minha cara,

bostas carentes de malícia e melancolia

e esperança no olhar.

Assim que desembarcar, as mãos vão dedilhar

pernas e coxas e bundas e joelhos de lindas seja-lá-o-que-for

– ai, ai, ai... vai ser tudo de bom!

Estarei no meu ritmo, um ex-desafinado mandando ver no rock,

blues e jazz e também MPB e música regional.

Meus dedos seguirão caravanas através de braços e pernas

 e demais planícies e penhascos das ninfetas

à espera de um sim, mãos subindo  e descendo,

meu garoto despertando, e então me transformo

no gênio da música, sou agora o Hermeto Pascoal!

Nesse planeta vou rever os insights e epifanias

que se mandaram e nunca mais voltaram.

Encontrarei todos os amores que tive (ou não tive?),

e será o máximo lembrarmos das histórias bonitas

e ridículas e trágicas que rolaram,

como por exemplo uma namorada que – depois de conversar

com mamãe por alguns minutos – me falou:

– Cadelão, tua mãe é louca!

E eu:

– Te acostuma, meu bem. A vida toda

foi assim!

 

PS.:

A história não acaba por aqui.

O poeta Zé me gritou, do umbral de uma galáxia

pra onde se mudou:

– Cadelão, não seja bobo...

O planeta dos teus sonhos é o A. Texas.

Fica esperto e curta ao máximo

este lugar!

 

(B. B. Palermo)


quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Era uma vez um Amado Batista



Cheguei na estação rodoviária de Capão da Canoa e corri até os banheiros.

Uma senhora limpava as privadas, cantarolando uma música.

À medida que urinava, aquela canção me parecia familiar.

Ao me dirigir a uma das torneiras das pias, tive a certeza.

Falei pra ela:

– Escuta só, aposto que tu estava cantando uma do Amado Batista!

Ela sorriu.

– É linda, né?!

Sou tomado por uma nostalgia.

Vivi os bons tempos do Degrau’s, a boate da Janete,

uma cafetina generosa, quase mamãe.

Lembro que ela e suas gurias me chamavam de Amado Batista.

Creio que era um pouco parecido com o cantor – popular e milionário, diga-se.

Janete me chamava também de American Airlines, e nunca soube se tinha relação com a companhia aérea e com aviões a jato.

Se fosse, não fazia o menor sentido, eu pouco saía do chão, meus voos

quase não se descolavam do solo – como se fosse um galo velho que ainda sonha voar, quase sempre depois de beber algumas.

Na boemia noturna, recepcionado como o Cara,

eu me fazia e despia o ego de intelectual e – mais do que isso – cantava as do Amado, e cantava bem, juro!

 

(B. B. Palermo)


terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Poetinhas, contenham-se!

 

Não caminhava sozinho, estava rodeado

de uma legião de capetas, rindo, zombando.

Vestiam branco e jogavam pro alto seus cantos

vindos do outro lado da noite

do mundo,

no ritmo encanzinado do batuque.

Irmãozinhos, quais seus planos para mim?

Ou tudo não passava de um sonho:

Vocês rezam para que eu acorde?

O mar está de ressaca e eu caminho

pra um lugar qualquer e nunca encontro

o entardecer,

e as peregrinações se repetem milhões de vezes

e o retorno é um eterno ir e voltar

e não me metamorfoseio  – estou enfeitiçado

pelas velhas fábulas.

Palermo, seu bosta! Que ideia é essa

de botar poesia pra cima de telhados,

decks e containers e dos magníficos gramados deste lugar,

se os sujeitos gabaritados do Texas

erguem sem parar

casas e prédios,

em sua cabeça fermentam negócios promissores

e o verão está chegando??

Segundo as projeções da especulação imobiliária,

vai rolar muita grana por aqui.

Então, poetinhas, contenham-se,

juízo no copo e nesses ideais dominados

pelo contentamento dos instintos!

 

Não há outra saída... senão me recolher.

Em casa, o computador me obedece

em sua lerdeza habitual,

parece comigo, cheio de dúvidas sobre

o que fazer no futuro.

É isso aí: fomos contagiados pela insustentável

preguiça deste lugar!

 

(B. B. Palermo)


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Utopia


 

Ontem cruzei pelo Janjão, sujeito meio andarilho

e meio morador das ruas do A. Texas,

e perguntei-lhe se está curtindo a leitura do livro

Caminhando na chuva sem me molhar.

Fez alguns comentários que mostravam que, de fato,

ele está encarando as aventuras e desventuras

do Palermo/Cadelão.

Aí, me perguntou:

– Professor, o que é utopia?

Este conceito aparece no desfecho de uma das histórias do livro.

Expliquei-lhe de uma maneira breve, objetiva,

algo semelhante ao que encontrei agorinha

numa página de literatura, no Facebook:

 

"O propósito da vida não é simplesmente ser feliz. É sobre ser útil, honrado, compassivo e contribuir de alguma forma para tornar o mundo melhor. É deixar um legado que mostra que você viveu e viveu bem. Seja cuidando de uma criança, cultivando um jardim ou melhorando as condições sociais, o verdadeiro sucesso está em saber que, graças à sua existência, pelo menos uma vida respirou mais tranquila. Isso, de facto, é ter alcançado a essência da vida”.

Ralph Waldo Emerson


quarta-feira, 27 de novembro de 2024

O real é muito triste

 

Churras na casa de veraneio do Professor.

Havia alguns convidados e um deles decidiu

que era o momento perfeito para nos deixar a par

de seus problemas de saúde.

Na primeira estocada retórica,

narrou seus dramas com as putas hemo**:

– Quando tu vai no banheiro C*, parece que sai arame farpado do C*!

Havia – sobre a mesa – salada, pimentas em conserva, pão de alho, lingüiça toscana...

Olhei pras pimentas, pensei no sufoco do meu rabo

e no sufoco dos rabos da humanidade,

tanta gente sofrendo pra caralho!

Estava disposto a escrever um poema danadinho,

um cupcake falando das folhas caindo

e dançando e exibindo suas performances

nos pátios do velho Texas no final do inverno e o crepúsculo exibindo

o grande amor de minha vida.

Quem sabe, meu poema serviria de remédio

para as dores da humanidade,

já que ouvi dizerem por aí

que a poesia salva...

Mas não... o problema... é que o real

é muito triste!


(B. B. Palermo)

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Ele já estava lá

 



As pessoas por perto pareciam murchas, daquele jeito, de ideias,

uns sonâmbulos, e cansei também de trocar confidências

com os cães de rua – eles e eu, todos encarávamos

uma maré meio maçante.

Ansiava por algum acontecimento que lançasse faíscas,

sei lá, que trouxesse alguma luz nessa escuridão.

Decidi, então, chegar na praia e, aí, foi estranho:

um trator arrancava das profundezas do mar uma enorme rede

abarrotada de peixes, e a máquina se comportava

naquela paciência digna da sabedoria dos velhos pescadores.

Me aproximo para identificar os bichos presos à teia

e – puta m*! – sou encarado por um monstro peixe-espada!

O olhar do bicho, juro, pareceu em pior estado de conservação

do que o meu – uns olhos cansados e vermelhos,

denunciando as noites boêmias.

– Estamos todos em movimento – filosofei – enrolados

num sem número de redes, a caminho do fim...

 

Sigo meu destino, isto é, entro num bar

para refletir sobre os fatos e buscar uma empolgação,

um entusiasmo, uma faísca que acenda

qualquer chama criativa.

Bendito o lúpulo nosso de cada dia! – diria o querido do Beiço.

E não é que uma faísca acendeu?

Lembrei de uma historinha que ouvi dias atrás.

Juro que serei breve, não vou levar meia dúzia de páginas,

como Flaubert, em “Madame Bovary”,

para descrever um vilarejo em seu romance,

tendo como paisagem, além da igreja, do mercado,

da farmácia e da hospedaria, um cemitério.

...

Era uma vez uma Semana Farroupilha.

Um grupo de amigos fez uma cavalgada de sua cidade

até uma vila, que ficava a dezenas de quilômetros.

Os cavalos faziam enorme esforço para suportarem

as paradas frequentes, nos bolichos, para reabastecer

as guampas com cachaça.

Rolou de tudo nesse lugar: missa, churrascada, bailões

e muitas prendas para se cortejar.

Como em todos os vilarejos, o cenário é parecido,

com igreja, escola, armazém e um cemitério –

o qual estava no limite, as sepulturas pareciam invadir a rua.

Muita gente circulava de um lado para o outro.

Eis que um senhor, distraído, escorou-se no portão do tal cemitério

e o umbral cedeu, veio abaixo e o serzinho

despencou sobre os túmulos.

Houve surpresa geral e muitos risos.

O tal senhor levantou-se e, num riso disfarçado, exclamou:

– Aqui eu não entro não!

Já era tarde... O pobrezinho já estava lá...

No dia seguinte, foi encontrado morto.

 

(B. B. Palermo)


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Pílulas diárias de fofoca

 

– Em Canela, ninguém cumprimenta ninguém!

Em Capão, todo mundo diz “bom dia!”, “tudo bem?”.

Aqui tu anda de bermuda e chinelos e ninguém repara.

Lá na Serra, não. Se tu se vestir de um jeito simples,

nem te olham!

 

Agora o papo é sobre os bichinhos, os cachorros,

quase sempre vira-latas, “graças a Deus!”.

– É horrível, naqueles dias chuvosos, é terrível.

Eles só fazem xixi na rua. Se não andarem por aí,

gemem, uivam, choram, pedindo pra sair.

Gatos? Não, não! Eu não quero mais saber!

Tinha um macho e uma fêmea.

Tu acredita? Ela só queria fugir.

Até que me abandonou, aquela mal-agradecida!

Nunca mais quero ter gatos!

 

Sentado a seu lado, a cabeça lateja,

deve ser por causa do timbre de sua voz

e também o seu desembestado matraquear.

Da janela do ônibus observo – acima de sua cabeça –  

o sol meio que evaporando por entre nuvens escuras.

Ônibus lotado... para e segue e segue e para, gemendo...

– A Defesa Civil disse que serão 250 milímetros de chuva

em 4 dias! Todo o cuidado será pouco!

Enchentes, estiagens, a água e a poeira por todo lugar.

Sua conversa me liga à tomada e desvenda a realidade:

a primavera com suas cores vibrantes

não está a fim de ceder espaço

para o verão.

Fico louco pra chegar em casa, calçar os tênis

e partir pra caminhada: até a praia e depois a praça

e o clube e alguns bares.

Sim, fiquei viciado e entorpecido

e seduzido pelos enredos desse povo.

Acho que não vivo mais sem as pílulas

diárias

de fofoca.

 

(B. B. Palermo)


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Fantasma


Sou fantasma
pelas ruas do Texas.
É feriado e brota turista
de todo lado.
Procuro alguma alma pra conversar
sobre poesia ou literatura
ou astronomia
ou metafísica –
mas só encontro papagaios
e caturritas
cheios de opinião
e nenhuma leitura
de qualquer livro.
Os tempos estão
foda.

(B. B. Palermo)

Ela é moderninha

  Pareceu-me fragilizada e miudinha no uniforme escolhido para as funcionárias do pub, e suas olheiras insinuam: – O bicho tá pegando! É alt...