segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Ser Nêne


Ser Nêne é não ter desconfiômetro, e circular por aí com o som do carro a todo volume.
Dirigir e conversar no celular, esquecer de usar o pisca-pisca, posicionar-se no meio da pista, obstruir todos os espaços da rua.
Ser Nêne é dizer que todo político é corrupto, e que por isso vai votar em branco, mas quando ninguém está olhando cruza o sinal vermelho, joga o lixo no chão, fura fila e nem fica vermelho.
Ser Nêne é falar bem alto no celular, mesmo nos espaços públicos.
Ser Nêne é dizer “não gosto de tal livro e de tal autor” sem nunca ter lido uma página sequer.
Ser Nêne é não saber usar algumas expressões básicas de convívio, tais como “por favor”, “muito obrigado”, “desculpe” e “com licença”.
Ser Nêne é fazer as coisas com maldade, arrogância e segundas intenções.
Ser Nêne é cantar os pneus, dirigir em alta velocidade no perímetro urbano.
Ser Nêne é...

Você tem razão, amigo. Eu não devia pegar tão pesado com os nênes. Até porque ser Nêne virou regra, em vez de exceção.
Sim, existem nênes simpáticos até, uma mistura de ingenuidade com cegueira.
Eu conheço um Nêne engraçado. Sua dose de má-criação, talvez, deve-se ao fato de ter nascido prematuro, ou fora de época. Quem sabe em outro século poderia ter sido pacato cidadão normal.
Desde criança ninguém podou suas asas. Não o incentivou a se instruir mais, e exercitar sua autonomia.
Então, quem é o culpado quando ele faz suas cagadas?
Vocês sabem... O que pode fazer um Nêne diante dos perigos deste mundo?
Ser Nêne hoje é uma válvula de escape, se defender para sobreviver...

Pior... Não tem como fugir. O clima mal esquentou e os nênes proliferam por aí como mosquito da dengue.

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