quarta-feira, 27 de novembro de 2024

O real é muito triste

 

Churras na casa de veraneio do Professor.

Havia alguns convidados e um deles decidiu

que era o momento perfeito para nos deixar a par

de seus problemas de saúde.

Na primeira estocada retórica,

narrou seus dramas com as putas hemo**:

– Quando tu vai no banheiro C*, parece que sai arame farpado do C*!

Havia – sobre a mesa – salada, pimentas em conserva, pão de alho, lingüiça toscana...

Olhei pras pimentas, pensei no sufoco do meu rabo

e no sufoco dos rabos da humanidade,

tanta gente sofrendo pra caralho!

Estava disposto a escrever um poema danadinho,

um cupcake falando das folhas caindo

e dançando e exibindo suas performances

nos pátios do velho Texas no final do inverno e o crepúsculo exibindo

o grande amor de minha vida.

Quem sabe, meu poema serviria de remédio

para as dores da humanidade,

já que ouvi dizerem por aí

que a poesia salva...

Mas não... o problema... é que o real

é muito triste!


(B. B. Palermo)

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Ele já estava lá

 



As pessoas por perto pareciam murchas, daquele jeito, de ideias,

uns sonâmbulos, e cansei também de trocar confidências

com os cães de rua – eles e eu, todos encarávamos

uma maré meio maçante.

Ansiava por algum acontecimento que lançasse faíscas,

sei lá, que trouxesse alguma luz nessa escuridão.

Decidi, então, chegar na praia e, aí, foi estranho:

um trator arrancava das profundezas do mar uma enorme rede

abarrotada de peixes, e a máquina se comportava

naquela paciência digna da sabedoria dos velhos pescadores.

Me aproximo para identificar os bichos presos à teia

e – puta m*! – sou encarado por um monstro peixe-espada!

O olhar do bicho, juro, pareceu em pior estado de conservação

do que o meu – uns olhos cansados e vermelhos,

denunciando as noites boêmias.

– Estamos todos em movimento – filosofei – enrolados

num sem número de redes, a caminho do fim...

 

Sigo meu destino, isto é, entro num bar

para refletir sobre os fatos e buscar uma empolgação,

um entusiasmo, uma faísca que acenda

qualquer chama criativa.

Bendito o lúpulo nosso de cada dia! – diria o querido do Beiço.

E não é que uma faísca acendeu?

Lembrei de uma historinha que ouvi dias atrás.

Juro que serei breve, não vou levar meia dúzia de páginas,

como Flaubert, em “Madame Bovary”,

para descrever um vilarejo em seu romance,

tendo como paisagem, além da igreja, do mercado,

da farmácia e da hospedaria, um cemitério.

...

Era uma vez uma Semana Farroupilha.

Um grupo de amigos fez uma cavalgada de sua cidade

até uma vila, que ficava a dezenas de quilômetros.

Os cavalos faziam enorme esforço para suportarem

as paradas frequentes, nos bolichos, para reabastecer

as guampas com cachaça.

Rolou de tudo nesse lugar: missa, churrascada, bailões

e muitas prendas para se cortejar.

Como em todos os vilarejos, o cenário é parecido,

com igreja, escola, armazém e um cemitério –

o qual estava no limite, as sepulturas pareciam invadir a rua.

Muita gente circulava de um lado para o outro.

Eis que um senhor, distraído, escorou-se no portão do tal cemitério

e o umbral cedeu, veio abaixo e o serzinho

despencou sobre os túmulos.

Houve surpresa geral e muitos risos.

O tal senhor levantou-se e, num riso disfarçado, exclamou:

– Aqui eu não entro não!

Já era tarde... O pobrezinho já estava lá...

No dia seguinte, foi encontrado morto.

 

(B. B. Palermo)


quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Pílulas diárias de fofoca

 

– Em Canela, ninguém cumprimenta ninguém!

Em Capão, todo mundo diz “bom dia!”, “tudo bem?”.

Aqui tu anda de bermuda e chinelos e ninguém repara.

Lá na Serra, não. Se tu se vestir de um jeito simples,

nem te olham!

 

Agora o papo é sobre os bichinhos, os cachorros,

quase sempre vira-latas, “graças a Deus!”.

– É horrível, naqueles dias chuvosos, é terrível.

Eles só fazem xixi na rua. Se não andarem por aí,

gemem, uivam, choram, pedindo pra sair.

Gatos? Não, não! Eu não quero mais saber!

Tinha um macho e uma fêmea.

Tu acredita? Ela só queria fugir.

Até que me abandonou, aquela mal-agradecida!

Nunca mais quero ter gatos!

 

Sentado a seu lado, a cabeça lateja,

deve ser por causa do timbre de sua voz

e também o seu desembestado matraquear.

Da janela do ônibus observo – acima de sua cabeça –  

o sol meio que evaporando por entre nuvens escuras.

Ônibus lotado... para e segue e segue e para, gemendo...

– A Defesa Civil disse que serão 250 milímetros de chuva

em 4 dias! Todo o cuidado será pouco!

Enchentes, estiagens, a água e a poeira por todo lugar.

Sua conversa me liga à tomada e desvenda a realidade:

a primavera com suas cores vibrantes

não está a fim de ceder espaço

para o verão.

Fico louco pra chegar em casa, calçar os tênis

e partir pra caminhada: até a praia e depois a praça

e o clube e alguns bares.

Sim, fiquei viciado e entorpecido

e seduzido pelos enredos desse povo.

Acho que não vivo mais sem as pílulas

diárias

de fofoca.

 

(B. B. Palermo)


sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Fantasma


Sou fantasma
pelas ruas do Texas.
É feriado e brota turista
de todo lado.
Procuro alguma alma pra conversar
sobre poesia ou literatura
ou astronomia
ou metafísica –
mas só encontro papagaios
e caturritas
cheios de opinião
e nenhuma leitura
de qualquer livro.
Os tempos estão
foda.

(B. B. Palermo)

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Distribuição de renda


 

De uns dias pra cá as vacas ficaram magras. Restaram algumas notas de 2 reais e poucas moedas e nenhum trampo no horizonte. Como passei a semana comendo bananas e abacates que um amigo trouxe de sua chácara, decidi sair para tomar um café dos bem vagabundos com gosto de pano de prato e para perguntar a Deus o que ele havia feito com meu destino.

Eu era o Arturo Bandini, personagem de John Fante, no livro “Pergunte ao pó”, que ficou uma semana comendo apenas laranjas. Caminhei horas e horas por aí e tudo o que consegui foram preocupações caóticas rondando minha carcaça. Eis que me deparo com uma igreja, ou templo, sei lá, e estava tomada por fiéis. Acho que acendeu uma luz, É hoje, é agora, vou superar essa pindaíba, representantes de Deus me chamam, é o momento perfeito para pedir saúde, fortuna, amor, prosperidade, inspiração, uma história incrível que vire roteiro de um baita filme e me torne famoso! Brotaram na memória os tempos de criança, catecismo, primeira comunhão, pedis e recebereis, tudo o que pronunciasse com fé seria retribuído em abundância.

Dentro da igreja, ouço alguém no altar invocar o bem e expulsar os demônios. Glória aleluia olhei em torno e notei uma irmã que retribuiu meu olhar. Parecia-me familiar, seus olhos negros vivos e grandes sorriram para mim. E então houve um momento de saudações e abraços Aleluia irmãos glória a Deus. E logo a garota se aproximou e apanhou minhas mãos e me deu um abraço exalando seu perfume cabeleira e mamilos Aleluia irmã. Jesus está sempre do teu lado e adivinha quando você vai pecar, sabe dos mistérios do ontem e do hoje e do amanhã. Jesus sabe do teu desejo e inclusive quando você deseja a mulher mais próxima. Sim. É o todo poderoso, muito mais pop do que Che Guevara ou os Beatles. Jesus tudo pode e foi ele quem me conduziu até aqui, transformará meus 2 reais em 200, vai ter piedade deste pobre pecador e vai saciar sua fome e sede.

Era o momento da oferenda. Ali por perto uma senhorinha depositou uma cédula azulada, toda dobrada e que ficou encalhada desce não desce, diante de minha vontade fome e sede. Cadelão, que sonha ser grande escritor – nem alto nem baixo, pau nem grande nem pequeno, mediano em seus gestos de heroísmo – foi tentado não sei por quais forças. De início uma sementinha, a compulsão virou obsessão e – antes de ter tempo para arrependimento – vi aquela nota de 200 ali toda dobrada e então fiz a troca e seja lá o que Deus quiser. Discretamente depositei meus 2 reais e coloquei no bolso os duzentões.

Tirei o dinheiro da igreja para levá-lo aos pobres. Alguém realmente necessitava dele – e, à noite, fui a um inferninho.

Vamos ser sensatos, rapaziada: minha atitude não contribuiu para a distribuição de renda? Os 200 da oferenda chegaram às mãos de Deus, Dele vieram até minhas mãos e eu o repassei a uma garota de programa, uma Madalena qualquer. Ela trocou o dinheiro por compras no mercadinho do bairro, adquirindo alimentos em abundância para seus filhos, que crescerão fortes e saudáveis.

Na vida tudo é movimento. Tudo circula e se encaixa nas engrenagens. Sim, há e haverá controvérsias. Porém, lembrem-se do mais importante: Jesus foi crucificado ao lado de um ladrão e o perdoou!

 

(B. B. Palermo)


sábado, 9 de novembro de 2024

Apenas este instante

 


A prosa daquele senhor impregna o ar.

Ao exalar suas frases, meio que balança a cabeça,

as pernas, dá a impressão de que vai para muitos lugares

ao mesmo tempo.

As opiniões, meio patéticas, despertam-me lembranças

de meus antepassados.

Eram ágeis? Como?

O coração bombeava direitinho sangue por todo o corpo,

ou era fraco?

E os dentes,

e o nervo ciático,

a quantas andava a vitamina D,

e a higiene pessoal,

e as doenças sexualmente transmissíveis?

Quanto % usaram de sua cabeça animal?

Darwin, me ajude:

como cheguei até aqui, em meio a tantos

apetites aleatórios?

Darwin, diga, por favor:

como fui o escolhido, em meio a uma competição

entre milhões de espermatozoides?

Tem dias que olho para trás

e vejo meus ancestrais como uns heróis.

Noutros dias me convenço de que foram uns fodidos.

(Mas que isso não sirva para justificar

esta vidinha miserável, não é mesmo?).

Tem dias que seus corpos despertam

e soltam faíscas das fiações dos postes de minha rua.

Então, furiosos, arrancam pratos e copos de minhas mãos

e os estraçalham no vazio.

Minha estratégia,

como a da maioria de vocês,

é jogá-los no esquecimento –

olvidá-los, ignorá-los –

embarcando no delírio coletivo,

como se tudo o que existe

é este instante.

Este,

apenas

este.

 

(B. B. Palermo)


quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Dia de mudança


 

Era um dia especial, então fui cedo pro bar.

Desejava contar pros bacanas a novidade:

depois de alguma espera, deixaria a pensão

pra morar no meu apê.

Ao chegar, vi que o Marcão e o Zé

acompanhavam a Lau, no violão –

cantavam, daquele seu jeito, o “Faroeste Caboclo”.

Depois de um mês mamando alguns tipos de chás,

Marcão baixou a guarda e voltou pro Natu Nobilis.

Fase bem louca, essa dos chás:

ele parecia uma dama inglesa

tagarelando suas incríveis experiências

longe do álcool, amparado

por umas burguesinhas de 70 anos.

Não me encorajei em acompanhá-los.

Faceiro, Marcão se atirava nos palavrões,

rimava “eiro” com “puteiro” e tals.

Não tinha jeito, Lau afastava o violão

e reclamava:

– Tu tá drogado, menino!

 

Quando cheguei na pensão,

dona Juju me aguardava

numa perua importada.

De cara, puxou as orelhas deste palerma:

– Tu anda bebendo com o Zé e o Marcão, não é?

Cuidado! Eles entornam pra caramba

e fumam maconha!

A esse respeito, ela tinha toda a razão –

já que trabalhava com adolescentes

infratores.

 

Minhas mudanças nunca foram grande coisa.

Dessa vez, tinha umas 4 ou 5 caixas com livros

mais alguns badulaques e sacolas com roupas.

Entramos no apê e dona Juju explicou

tintim por tintim como tudo funcionava –

nunca tive forno elétrico, chaleira elétrica,

micro-ondas e etc. e tals.

Me senti em casa quando ela abriu

uma gaveta do armário da cozinha

e explicou como guardava os talheres,

para escapar da presença de certas criaturas.

Maravilha – pensei.

Em todos os lugares em que morei

sempre tive a grata companhia das baratas!

Para brindar o negócio do apê e da nossa amizade,

no dia seguinte fizemos um churrasco.

Convidei alguns andarilhos, parceiros do bar.

Todos apareceram – e foi um senhor porre!

No outro dia, eu mesmo subscrevia

um abaixo-assinado contra a minha presença

no ambiente!

 

(B. B. Palermo)


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Pobrezinho do B. B. Palermo

 


Uma amiga – hoje – me falou:

– Américo, você trata muito mal

o B. B. Palermo!

Fiquei paralisado.

Confesso que tenho algumas dificuldades –

nesse trabalho de imaginar e criar

histórias e poemas –

para identificar ou diferenciar autor

de personagem.

Cheguei a acreditar, juro,

que é o Palermo

quem dá as cartas!

O mais legal é feedback da galera.

 

Obrigado, Rosane!

 


quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Viagem ao fim da noite




O cachorro passa mancando...

não me percebe.

Compreendo: a vida é busca, é movimento.

Quem prova isso é o motoboy e sua descarga barulhenta

e as dezenas de vezes que passou pela rua, hoje,

como um trator levantando vôo.

O cretino não sabe ou não quer saber

da tal da “poluição sonora”.

Alguém aí se importa?

Vou à praia no entardecer.

A natureza 

NATUREZA 

me chama.

Eis que me deparo com um trator

puxando vaga/metódica/mente uma rede

e – sei lá... – fiquei triste, como a personagem da Clarice

em “Paixão segundo GH”, que devorou uma barata.

Eis uma tristeza que ninguém sabe explicar.

Assim que a rede saiu do mar em direção à praia,

fui encarado por um peixe-espada,

e seus olhos me fuzilaram:

 

– EU NÃO DESEJAVA MORRER!

 

Eis que surgem lembranças de porres e fiascos

nas noites boêmias,

num tempo em que meus olhos estavam

em melhor estado de conservação

do que o pobre diabo do peixe enroscado

naquela rede.

Mais cedo ou mais tarde,

e que isso sirva de consolo,

estaremos todos enredados –  alegres ou faceiros –

a uma rede que chamam de viagem

ao fim da noite.

 

(B. B. Palermo)

 

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Ovelha desgarrada

 


Manhã de domingo, Beiço deu as caras:

– Velho. Andei pensando. Está na hora do Cadelão parar de cair nas sarjetas próximas a bares para cair na sarjeta da alma. Comece assim: "Naquele bar, bem ali, o tédio me serviu um copo de angústias, do qual bebi de um só gole".

Digo pro filho da p*ta:

– Hein, Beiço, tu acha que sou ovelha desgarrada ou desgraçada?

– Por que, Cadelão?

– Senhoras de uma igreja me chamaram aqui no portão de casa. Queriam ler pra mim passagens da Bíblia. Aí, falei pra elas:

“Podemos ler sim, mas tenho livros de montão por aqui... Que tal lermos um pouco do livro sagrado, e um pouco do Dostoievski e alguns parágrafos da ‘Madame Bovary?’”.

Cara, em segundos me peguei falando sozinho. Acho que sou o tipo de ovelha que não tem salvação!

Aí, Beiço veio com tudo:

– Véio, não gaste munição com essas almas que servem de “mulas” aos pastores das igrejas, correndo atrás de ridículas ovelhas. O que tu precisa mesmo é ser uma ovelha desgarrada de uma literatura escrota que fazem por aí!

– Hum... O que dizes talvez seja um pouco do que andei pensando.

– fala.

– Quando estou mais pra lá do que pra cá, quer dizer, mais pra loucura do que pra razão, parece que surge uma outra pessoa pra me zoar. Aí, já não sei se estou falando sozinho e em alto e bom som, ao caminhar pelas ruas. Não sei se falo para dentro ou para fora. Esse Outro prega umas peças, tem linguagem própria – e o mais louco, Beiço: ele é o poeta, ou pelo menos é o que tem coragem de botar a boca no mundo. E é muito levado no trato com a linguagem. Dia desses, comentou:

ESTOU A QUATRO BANHOS SEM TOMAR DIAS!

Tu acha, Beiço, que nessas horas estou delirando? Ele parece desarranjar a vida cotidiana, aquela vida mansa e de m**da onde todos seguem as regras, cabisbaixos. Se mergulho num pântano de irrealidade – que seriam os momentos criativos –, o Cara! entra em cena, debochando, tirando sarro, dando conselho. Me confunde, a ponto de trocar o dia pela noite, o amanhecer pelo anoitecer. O que me deixa feliz é que, nessas horas, sinto que nasce uma poesia que talvez tenha algum valor. Meu, o que me veio agora é uma relação dessas NOIAS com alguma poesia e alguns poetas nos anos sessenta e setenta aqui no Brasil. Fizeram o que pode ser chamada de “literatura do lixo”, onde o palavrão foi revalorizado e as relações eróticas foram descritas com natural realismo, sem se preocuparem com o que a sociedade ia dizer. Fazem parte de um movimento chamado “poesia marginal”, que valoriza o sujo, o lixo, e os poetas eram chamados de “poetas sórdidos”. Já em 1948 Manuel Bandeira chamou isso de “Nova poética”:


Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Saí um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero (...).


Resumindo, Beiço, acho que a coisa se intensificou ao ler este poema e tomar contato com a poesia marginal. Essa visão sobre a poesia e a vida me impressionou a tal ponto que procuro, além de escrever assim, viver assim.

– faz sentido, Cadelão. Uma dica: dá uma olhada na opinião do Bukowski a respeito da sua poesia e a poesia que criticava, feita pelos poetas de sua época. Leia o livro “Escrever para não enlouquecer”. Lá, tu vai encontrar muita preciosidade.

 

(B. B. Palermo)


sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Nas mãos de uma caneta

 

e se contorce e me tortura
e diz que não sobreviveremos
aos ataques da maresia.
Falha muito mais do que os meus
raciocínios
per
versos.
Ideias seguem no mesmo rumo:
assopram, na cara deste sujeito
e sua cutis tostada pelo sol,
que eu/ele poderia estar
numa centena de lugares
ao mesmo tempo.
As unhas dos dedos crescem
enquanto me distraio
com as velhas amenidades
e também com a ponta desta caneta
que nunca foi de confiança.
Poderia cravar no papel
uma dúzia de frases
que jogassem luz nessas noites
que andam mais perdidas do que eu,
e me comunicassem do milagre
da imortalidade.
Mas não, sou boicotado
por uma
terrível
caneta!
(B. B. Palermo)

Poetinhas, contenham-se!

  Não caminhava sozinho, estava rodeado de uma legião de capetas, rindo, zombando. Vestiam branco e jogavam pro alto seus cantos vindo...