Gatinhas de gesso,
com seus lindos olhos ausentes,
nos observam dos pátios das mansões.
É como se não nos vissem,
por isso não há corpo,
sexo ou resistência do ar.
Rancorosos, frequentamos academias,
invadimos baladas e sugamos
aqueles drinks açucarados e depois
nos refugiamos sob as saias
das mamães.
Discurso próprio já era,
esperta, a palavra nos foge,
ficamos travados na hora
de soltar o verbo,
mas não quer dizer que não há
outras saídas:
compremos uma esteira
e a instalemos na garagem,
um lava a jato para nos ocuparmos
nos fins de semana,
dando novo visual
aos carros e calçadas.
Compremos uns 5 mil livros
pra ocuparem nossas paredes e mentes ou, do contrário,
doemos boa parte dos livros que temos
aos que fazem por merecer.
Talvez seja indispensável uma barraca,
mesmo sendo usada umas 2 X por ano.
Talvez a essência está em zelarmos
as medalhas conquistadas na juventude,
até sacarmos que nossa carcaça
definitivamente se encontra
bêbada
e lúcida.
Ufa!
Chegamos lá!
(B. B. Palermo)