terça-feira, 2 de setembro de 2025

Amor vira ódio num segundo

 

Nas casas noturnas, se você tem grana
pode escolher a música e as garotas dançam
mesmo que a letra não faça sentido.
Hoje, toca sertanejo universitário e outros ritmos
cheios de promessas partidas e paixões precipitadas
que duram menos que uma cerveja.
Minha música era “Boate azul”, meu hino nos cabarés.
Os caras que escreveram aquilo sabiam da vida,
sabiam desses amantes catando o ouro do afeto
nas sombras da madrugada.
Seu refrão gruda na alma,
fala da solidão como uma velha amiga
que bebe comigo.
No começo, quando a dor vinha,
eu achava que não passava e pensava em ir embora de vez,
mas a cerveja me segurou pela gola, e disse:
- Calma, Cadelão… amanhã pode ser diferente!
A vida, aos poucos, me mostrou
que rir das tragédias é o único jeito
de continuar escrevendo histórias.
Hoje, no Whats, soube de um garoto
que se matou por causa de chifre.
Disseram que ia levar a namorada junto,
mas ela não foi e ele se matou sozinho.
No grupo, alguém disse:
- Essa juventude… caiu no primeiro chifre.
E outro:
- Com o tempo, a gente aprende que chifre não mata,
só ensina a beber melhor...
É…
O amor pode virar ódio num segundo,
mas também pode voltar a ser amor
se a gente der tempo, se não desistir,
se não fechar a porta na cara da madrugada
porque, no fundo, mesmo os cínicos esperam
uma mão quente pra segurar
quando a música parar.
(B. B. Palermo)

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