Tive
ótimas fases.
Eu
iluminava Ijuí.
Não
conquistava uma,
conquistava
dez.
Tu
deve se lembrar.
Eu
era o Don Juan
das
calçadas.
mas
o tempo passa.
Hoje
sou peão e sou
broxa.
(B.
B. Palermo)
Tive
ótimas fases.
Eu
iluminava Ijuí.
Não
conquistava uma,
conquistava
dez.
Tu
deve se lembrar.
Eu
era o Don Juan
das
calçadas.
mas
o tempo passa.
Hoje
sou peão e sou
broxa.
(B.
B. Palermo)
João,
o que aconteceu?
Sacanagem,
disseram
que
você morreu.
Uma
bobagem,
coisa
sem fundamento,
disseram
que foi choque elétrico.
Você
que sonhava com novo apartamento,
você
que buscava uma escola decente
pros
filhos.
E
a turma, João, como fica?
Sacanagem,
ontem estavas disposto
e
com a boca
nas
orelhas...
...
Agora
percebo como sou fraco,
ainda
tenho vontade de chorar
relendo
estas linhas
uns
30 anos depois.
(B.
B. Palermo)
Arthur
é um cão que chamam de Preto,
um
carente de humanidade
mais
do que a maioria
dos
sapiens.
Circula
desde cedo por entre os malucos
que
frequentam o bar do Manetta.
Pobrezinho,
carente de humanidade
enquanto
nós somos carentes de humildade,
carentes
de coragem,
carentes
de dúvidas
e
de sensibilidade.
Arthur
merece circular também
por
entre as páginas
de
algum romance,
como
a cadela Baleia, do Graciliano.
Ou
de alguma crônica ou poema...
que
seja.
(B.
B. Palermo)
O Grêmio se estrebuchou pra conquistar
um
ponto contra a Chapecoense,
numa
retranca danada.
A
coisa escorregava
pelas
laterais e diagonais
e
pencas de passes errados,
e
os esforçados corriam
pra
lá e pra cá.
Os
papos no bar eram de indignação
dada
a covardia do time,
então
eu lembrei do pragmatismo, e disse:
"Um
ponto fora de casa é legal".
Foi
divertido, me pediram pra traduzir esse conceito
e
aí desandei a falar de William James
e
rolou o óbvio...
fiquei
falando sozinho.
É
legal saber que, mais do que praguejar contra o time,
as
criaturas se empolgam quando falam de carros,
Fipes
e negócios de ocasião.
Se
você quer ser poeta,
saiba
a pedreira que vem pela frente.
Você
é de outro planeta.
Só
há uma única certeza:
somos
um bando de fodidos!
(B.
B. Palermo)
Depois
que você morre
deve
ser triste
pois
você nunca saberá
se
teve trajetória importante
ou
se caiu no esquecimento.
Pode
ser triste hoje lembrar
mas
é também gratificante
ter
viva, pre-sen-te-men-te,
a
memória de um amigo
que
se foi há 10 anos.
Hoje
você se toca
de
que na época tinha
pouca
lucidez,
você
assistia futebol na TV
e
estava bêbado
10
horas da noite
quando
o telefone tocou.
Mas
é consolador
lembrar
que
o amigo que partiu
faz
um bocado de falta...
muita
falta.
(B.
B. Palermo)
Perguntei
pro meu amigo,
o
tutor do gato Américo,
se
o bichano era eu.
Fiquei
confuso
e
também feliz da vida
ao
perceber que o gato e eu
temos
a mesma cara
e
o mesmo nome.
Se
um dia rolar encrenca
eu
mudo de nome
e
geografia.
Serei
o pai do Palermo
ou seu irmão gêmeo
morando
na
Sicília!
Ao
empinar o copo de cerveja,
o
Betão empina junto o dedo mindinho.
Não
sabemos se é uma questão de etiqueta, de coordenação
ou
se ele está se exibindo pras gurias.
Toda
vez que o Cesinha corre pra calçada fumar,
o
time faz um gol.
No
intervalo, na calçada diante do bar,
se
dizemos uma frase de efeito
ele
canta desafinado uma canção.
A
estatística não nos engana:
90%
das vezes que o Elson vai pro banheiro mijar,
o
time recua as linhas e leva um sufoco do adversário.
O
Telmo é multitarefas.
Consegue
olhar o jogo na TV,
escutar
o jogo de outro time no celular
e
ainda servir cerveja pra um bando de malucos barulhentos.
Toda
vez que passa um jogo do Grêmio,
o
Pedro Byke, numa tranquilidade impaciente,
pergunta
se vai passar o jogo do Inter.
Se
tem uma coisa que ferve sua adrenalina,
mais
do que a performance do Inter
ou uma jogada de craque nos jogos na Afucotri,
é
a véspera do resultado do Jogo do Bicho.
Quando
o Grêmio está com deficiente poderio ofensivo,
o
seu Ivo reclama indignado, do técnico:
"Por
que não bota os lebreiros?!"
Como
a maioria de nós que está no bar tem muita rodagem,
quando
os caras vão a toda hora no banheiro mijar
nos
perguntamos se eles têm problema na próstata
ou
se é a ceva que é diurética.
O
Pedro Borges não debate geometria,
filosofia,
astronomia
ou
até metafísica
com
tanta desenvoltura no departamento da universidade onde trabalha
como
acontece no bar.
E
os debates esquentam nos momentos
em
que o jogo está mais tenso.
Perguntaram ao João Grandão se o Carleone
(que
tirava um cochilo debruçado na mesa dum cantinho do bar)
tem
problemas com álcool, e ele respondeu:
"Claro
que não! Só quando falta!".
(B.
B. Palermo)
Véio, tu tem que assistir
os
jogos do Grêmio
no
bar do Telmo.
Me
aparece cada figuraça
que
tu nem imagina.
Meu,
tu precisa entrar no clima,
quer
dizer, beber uns litrão,
porque
estando sóbrio
tu
não te diverte.
Lá
aparece gremista pra tudo quanto é gosto:
tem
os ressentidos,
os
que fazem uma misturança e com(fusão)
entre
futebol e política,
tem
os fãs do técnico atual,
tem
os desconfiados
e
tem as viúvas do Renato...
e
por aí vai...
É
muita emoção, cara!
(B.
B. Palermo)
Você
debulha ladainhas
de
amenidades
e
até me encanto mas
canso
e
respiro
compassado
como
um craque em meditação
transcendental
e
então mais calmo
devolvo
amenidades
monossilábicas
e
depois de tantas insignificâncias
descobrimos
os abraços
e
as mãos se entrelaçam
e
as turbinas enlouquecem
e
o tesão deixa um rastro de quero mais
e
isso é tudo
tudo
tão banal.
(B.
B Palermo)
Você
não admite
ser
catalogado
como
sujeito comum.
Você
pretende ser lembrado
como
O Cara!,
alguém
que por aqui passou
e
espalhou diversas sementinhas
que
vingaram.
Claro,
há uns tropeços previsíveis,
aquela
desconfiança de que talvez
essa
vida não tenha sentido
algum.
Determinado,
você se esforça em acreditar
numa
farta colheita,
A
RECOMPENSA no paraíso.
E
os outros?
Ah,
os outros... Os outros que se danem!
Você
não embarca nessa
de
que estamos todos
dentro
de um saco de gatos
levando
pancadas
diárias.
Dizem
do teu livre arbítrio,
dizem
da evolução necessária do teu ser,
mas
receio que essa é uma bela ilusão,
uma
ideia prostituída e sedutora
que
inevitavelmente
nos
seduz.
(B.
B. Palermo)
No Instagram, me deparo com uma entrevista de um psiquiatra falando a respeito de uma droga ministrada a pacientes terminais, desenganad...