Vocês
lembram da casa de infância, e do porão que havia por lá?
Com oito
anos eu já não tinha medo de ficar sozinho no porão. Estava acostumado com
aquele lugar. Muitas vezes utilizava a escada, que ficava na despensa da
cozinha, para chegar lá. Buscava qualquer coisa que meu pai ou minha mãe
pediam.
Nele estavam
as pipas com o vinho, a vara de taquara pendurada no teto, com salame, alho e
cebola. Também as tulhas, onde eram armazenados os cereais, como o feijão, a
pipoca e o amendoim. Havia a lata cheia de banha, e outras latas, com doces e
geleias. Ah, também o saco com pinhões, que no inverno minha mãe assava na
chapa do fogão.
No verão, o
porão da casa era fresquinho, e ali descansavam os melões e as melancias, à
espera dos serões, de noite, quando eram “devorados”.
E era nesse
lugar que meu pai recebia as visitas para provarem o vinho... Era ali, também, que eu me refugiava, quando
as tias, ou as madrinhas, me intimidavam com seus comentários, do tipo “ai, que
gracinha!”, “já tem namorada?”
(do livro Os mistérios do porão)
Nenhum comentário:
Postar um comentário