quarta-feira, 29 de outubro de 2025
Um dia normal
terça-feira, 28 de outubro de 2025
A dona me ajuda a atravessar o rio
Hoje me preparou um incrível café da manhã
servido na cama.
Cheia de disfarces, talvez vista roupa de enfermeira, cuidadora,
professora de meditação - ou, quem sabe,
seja analgésico, antialérgico, antibiótico ou anti-inflamatório
me bombardeando até afugentar vírus e bactérias que me atacam
nesses becos enredados por boates e bares ferventes.
É necessária e oferece sobrevida a quem for esperto
ao cruzar o seu caminho -
mas com ela nunca se é esperto.
Não no seu tamanho.
Ainda não pirei, apenas saí de mim algumas vezes.
Mas a maturidade penosa
e certas mulheres bem-intencionadas
pedem que eu abandone os maus hábitos.
Fujo das garotinhas dos traficantes,
e a cada manhã juro pra mim mesmo
que vou encarar novas rotinas -,
mas um ciclone desaba em minha alma
quando tele-entregas voam pelas ruas,
e estômagos ansiosos aguardam o xis-bacon e a pizza,
e farmácias de pernas abertas invadem madrugadas,
e ambulâncias chegam rápido,
e tudo o que preciso é manter o controle,
mas tudo o que faço é perdê-lo.
O medo ronda e espreita.
Eis que é chegada a hora:
Dona - aquela que vai apanhar minha mão
e me conduzir até o misterioso barquinho
para atravessar o último rio -
se aproxima cada vez mais,
e já escuto os seus sinais.
Chama-me com labaredas poéticas:
- Deve ser terrível, Palermo,
percorrer as romarias desse teu mundinho,
e teus olhos enxergarem apenas retângulos,
esferas e quadrados, num horizonte povoado por edifícios,
rodas de carros e motos...
Garoto, teu planetinha anda sofrível -
parece um aquário cheio de anúncios!
Vem... Vem comigo!
Dona veste minissaia e, num salto alto,
é a criatura mais linda da cidade.
Metamorfoseia-se do jeito que quiser:
loira, morena, jovem, meia-idade,
bruxa, feiticeira, musa, vilã...
Apresenta-se como se fosse da casa -
e é da casa, como os loucos amores
de outros tempos.
Se é morte ou se é vida,
não sei.
Só sei que me chama pelo nome.
Eis o derradeiro desafio:
decifrá-la, antes que me devore.
Ela ri do meu drama
e pede um último gole.
- Relaxa, Palermo,
ninguém controla nada mesmo.
E eu - meio tonto, meio lúcido -
penso que, se for pra atravessar o rio,
que seja dançando.
(B. B. Palermo)
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Viagem ao fim da noite
segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Toda Lorena
quinta-feira, 9 de outubro de 2025
segunda-feira, 6 de outubro de 2025
Pobres
Os pobres - dizem - só pensam em grana,
mas o ouro que buscam
é o mesmo que brilha no coração de quem teme a fome.
Talvez sejamos todos mendigos
da própria luz,
pedindo migalhas de sentido
ao grande silêncio do tempo.
Falam que não leem poesia,
mas há verso nas mãos calejadas,
há filosofia no olhar de quem acorda cedo
e enfrenta a tempestade dos dias.
A alma, ainda que adormecida,
pulsará quando o vento disser o seu nome.
Na beira do mar, à entrada da noite,
ouço bandos de pássaros nômades
trazendo recados de outros céus.
Chove no Saara, neva no Nordeste,
e quero-queros dançam valsas sobre a areia,
como se anunciassem um renascimento.
Sou o pão que se reparte,
sou o Maná que desce da nuvem,
mas o som de minha voz
não alcança as janelas fechadas -
moradores da rua
tor-nam-se
sur-dos
de es-pí-ri-to.
E então compreendo:
não há ricos nem pobres,
há apenas os que esquecem
e os que lembram.
Piso fundo na terra
e sinto que o ego é só poeira,
um véu entre nós e o infinito.
E da poeira nasce uma pergunta antiga,
agora suave, como quem reza:
- O que é essencial para você?
(Pensamentos & Poemas Espirituosos)
sexta-feira, 3 de outubro de 2025
O surdinho noiado
Sentei pra meditar e foi uma doideira.
terça-feira, 16 de setembro de 2025
Há quanto tempo não te vejo, querido bisavô
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
Adeus, meu rabo de cavalo
terça-feira, 2 de setembro de 2025
Amor vira ódio num segundo
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
Casamento não é pra qualquer um
Nosso amor é feito mel
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