Hoje, que tanto se fala dos condenados do Mensalão, e de como irão cumprir sua pena – regime fechado, aberto ou semi-aberto – vou contar o drama do meu amigo Rodolfo.
Depois de 15 anos de casado, ele foi proibido pela esposa de retornar ao lar. Então pediu-me para que interceda junto à sua amada, que o aceite de novo no lugar que juntos construíram nestes anos todos. Vamos à história.
De segunda a sábado ele sai cedo para o trabalho, e retorna à casa quando chega a noite, para o cumprimento do seu dever.
Num sábado, depois do expediente, Rodolfo encontrou alguns amigos e decidiram conversar e tomar algumas cervejas. Estendeu-se, o dia passou rápido nesse sacrilégio de ir de bar em bar. A noite avançou, novos amigos, histórias de amores, festas e aventuras, Rodolfo esqueceu-se de voltar para casa. Foi com a turma a um baile, num bairro da cidade (Vocês hão de concordar que essa fraqueza, por si só, não deve sacudir as bases da lei e da ordem do sagrado matrimônio).
No dia seguinte, porém, na hora de colocar os fatos em panos limpos, meu amigo disse à esposa que chegou tarde porque havia sido convidado para o aniversário do filho de um amigo. Lá, o jogo de canastra invadiu a madrugada.
No baile Rodolfo ganhou um prêmio. Ele, que nunca havia ganho nada em sorteios, durante a vida toda! Um frango assado, patrocinado por uma padaria do bairro. Dada a quantidade de cerveja que lhe subiu à cabeça, Rodolfo esqueceu-se completamente do galináceo.
O baile foi um sucesso e, na segunda-feira pela manhã, uma emissora de rádio da cidade anunciou os ganhadores dos brindes sorteados. Por azar de Rodolfo, sua esposa sintonizava aquela emissora, naquele instante.
Acusado de mentiroso e infiel, e para dar uma resposta à altura dos anseios da comunidade, Dona Fabi enviou meu amigo para o exílio. Arrependido, agora ele sente falta da esposa e do filhinho, sua pátria e porto seguro...
Sensibilizado com sua história e sabendo que, apesar do deslize, Rodolfo é um bom rapaz, vou escrever algumas linhas para tentar convencer sua esposa, para que o aceite de volta.
Dona Fabi, não necessito da sabedoria de um guru para afirmar que os dias atuais são deveras perigosos. Em cada esquina surge um anjo mau disposto a colocar minhocas em nossa cabeça, e nos levar à perdição. Vale lembrar, também, que nem Rodolfo, nem qualquer outro homem, funcionam como relógio suíço: certinhos, previsíveis, totalmente ajustáveis!
Para não ser refém do olhar machista, vou citar algumas frases ditas por mulheres, no livro “O amor de mau humor”, de Ruy Castro, com o objetivo de convencê-la a aceitar Rodolfo de volta.
Embora madame Stael diga que “o amor é a história da vida de uma mulher; e um episódio na vida de um homem”, convém prestar atenção no conselho de Dorothy Parker: “Conserve os dedos abertos... e o amor fica. Feche-os, e ele se desprende”.
Marido é coisa séria, dona Fabi. Diz Zsa Zsa Gabor: “Maridos são como fogo: extinguem-se se não forem atiçados”. Quanto ao casamento, este nem sempre representa o paraíso. Diz Dra. Joyce Brothers: “ O casamento não se compõe apenas de uma comunhão espiritual e de abraços apaixonados; compõe-se também de três refeições por dia, lavar a louça e lembrar-se de pôr o lixo para fora”.
Por outro lado, mulheres que optam por não casar defendem-se com bom humor: “Nunca me casei porque nunca precisei. Tenho três bichinhos em casa que, juntos, perfazem um marido: um cachorro que rosna de manhã, um papagaio que fala palavrões o dia todo e um gato que volta de madrugada para casa” (Maria Corelli).
Sem querer desanimar-te nesse sonho de manter reto o teu casamento, veja o que disse Helen Rowland: “Quando uma garota se casa, está trocando a atenção de muitos homens pela desatenção de um só”.
E para dividirmos as responsabilidades a respeito das dificuldades no casamento, diz Mae West: “Nunca pergunte a um homem por onde ele andava. Se não estava fazendo nada errado, não precisa de álibi. E, se estava, a culpa é sua, minha filha.”
Tudo o que fazemos tem um custo: o custo de nossas escolhas. E essa é a eterna busca pela felicidade. “Quem não conheceu o preço da felicidade nunca será feliz” (Eugene Levtushenko).
Rodolfo precisa muito de você. Tanto é que veio a público, como se esta crônica fosse sua serenata e buquê de flores, para dizer-te de todo o seu amor!
Depois dos puxões de orelha, o que seu homem mais precisa é de colo. Portanto, aceite-o de volta, abra-lhe as portas e acolha-o na segurança do teu abraço! Não se sinta humilhada; parafraseando François Truffaut, saiba que, no amor, vocês mulheres são profissionais, enquanto nós, homens, somos amadores!