Amanhã assombrarás a minha casa para falar de si.
Serei todo ouvidos, outra vez.
Na caderneta vou anotar as queixas, lamúrios e, se puder, tentarei desafogar os teus segredos.
Tens muito a dizer, até espantar o silêncio.
Um muro gagueja tua fala, vou derrubá-lo.
Marcas profundas nos apavoram, dispersarei
os fantasmas com voz suave e calma.
Assumirei a missão. Ser teu anjo da guarda.
Abrirei todas as trancas que estrangulam
teu desejo que se cala.
Hoje eu cansei.
A vida anda rasa, desfilam idiotas,
doidos por tolices.
Cansei da fertilidade normal,
bestial, previsível.
Cansei da criação corriqueira, cloacal...
Sim: tenho saudade do tédio poético,
musical,
da solidão que busca no algodão das nuvens
e nas bolhas de sabão
o amor irmão, que tem tesão
pelo re-criar!
Amanhã assombrarás a minha casa para falar de si.
Serei todo ouvidos, outra vez.
Na caderneta vou anotar as queixas, lamúrios e, se puder, tentarei desafogar os teus segredos.
Tens muito a dizer, até espantar o silêncio.
Um muro gagueja tua fala, vou derrubá-lo.
Marcas profundas nos apavoram, dispersarei
os fantasmas com voz suave e calma.
Assumirei a missão. Ser teu anjo da guarda.
Abrirei todas as trancas que estrangulam
teu desejo que se cala.
Hoje eu cansei.
A vida anda rasa, desfilam idiotas,
doidos por tolices.
Cansei da fertilidade normal,
bestial, previsível.
Cansei da criação corriqueira, cloacal...
Sim: tenho saudade do tédio poético,
musical,
da solidão que busca no algodão das nuvens
e nas bolhas de sabão
o amor irmão, que tem tesão
pelo re-criar!