terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

ECRITORES E COZINHIROS


Estou guardando as compras que fiz no supermercado e, para minha surpresa, encontro uma caixinha de creme de leite. Mas como o creme de leite veio parar aqui, se eu não o havia anotado na minha lista de compras?


É a lista que me orienta diante das gôndolas, no supermercado. É assim que passo de uma ponta a outra, sessão por sessão, como quem busca encontrar os ingredientes que vão ajudar a preparar a essência da juventude.


Tem gente que detesta ir ao mercado. Eu não. Vou quase todos os dias. Mas estou vacinado contra o impulso de comprar tudo que aparece pela frente. Óbvio que não fui eu que coloquei aquela caixinha de creme de leite dentro de minhas sacolas.


Já que disponho de um misterioso creme de leite para o almoço de domingo, e eu adoro estrogonofe, e como meus amigos reclamam que faz um tempão que não faço um almoço e os convido, por que não aproveitar a oportunidade?...


Alguém já fez estrogonofe para comer sozinho? Deve ser o acúmulo do egoísmo. E eu me sentiria muito mal não dividir um prato feito com um ingrediente que não é meu!


Caprichei no almoço. Sem a pressa de quem come fora, por quilo. Sem a pressa de quem come em restaurante e nunca se deu o trabalho de conhecer a cozinha e os cozinheiros. Muito menos pensou na necessidade que tem, quem cozinha, de saber se a pessoa gostou ou não de comer que ele ofertou.


Os outros vão saborear, ou vão detestar, pratos que nasceram de teu amor, ou da tua indiferença, da tua amizade para com eles. É dura a vida dos cozinheiros. Eles criam uma expectativa a respeito da reação daqueles que se servem da sua criação, seja um pudim, uma feijoada ou um estrogonofe.

Rubem Alves, numa crônica cujo título é Escritores e cozinheiros, diz que “gostaria de ter um restaurante. Mais precisamente: gostaria de ser um cozinheiro (...) É que nas cozinhas se prepara o prazer. Mas para preparar o prazer, o cozinheiro deve ser um adivinho de desejos, conhecedor dos segredos da alma e do corpo. (...) Já que não sei cozinhar, escrevo como quem cozinha. Minha cabeça é uma cozinha. O cozinheiro cozinha pensando no prazer que sua arte irá causar naquele que come. Eu escrevo pensando no prazer que o meu texto poderá produzir naquele que me lê. Há uma relação entre cozinhar e escrever. Nas suas origens, sabor e saber são a mesma coisa. (...) Saber é experimentar o gosto das coisas: comê-las. O sábio é aquele que conhece não só com os olhos, mas especialmente com a boca. Roland Barthes confessa que havia chegado para ele o momento do esquecimento de todos os saberes sedimentados pela tradição e que agora o que lhe interessava era ‘ o máximo possível de sabor’. Ele queria escrever como que cozinha. Ele queria ler como quem come uma comida deliciosa”.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

SÓ ALEGRIA NO SÃO LUIS!






Estou em dúvida sobre cinco coisas: o título desta crônica não deveria ser Alegria, só no São Luis!? Nicolas é jogador tão bom assim? Como se escreve Nicolas? O filhote de gato, que eu adotei, é macho ou fêmea? Com que nome vai ser batizado?

No jogo de quarta-feira, 2 X 1 do São Luis sobre o Novo Hamburgo, observei algumas situações curiosas e engraçadas dentro do estádio. Legal foi notar a grande presença de mulheres e crianças (famílias ou não). E é inevitável perguntar: quem mobiliza tanto a comunidade de Ijuí como o São Luis? Como podem tantos ijuienses permanecerem indiferentes a esse clube que representa toda uma extensão geográfica de nosso estado, ao fazer parte da elite do Gauchão? Dá a impressão de que nosso clube tem que se desculpar a toda hora, por ter tal história, por usar de tais cores, etc. Mas isso é assunto para os experts...

Vamos à parte engraçada. Nem bem havia ocorrido cinco minutos de jogo, alguns torcedores (Pai? Sogro? Sogra? Tios? Namorada? Primos? Fã Clube??) começaram a gritar para o técnico Beto Campos - a distância entre esses torcedores e o técnico não passava de 10 metros:
- Ô, Beto, coloca o Nicolas!
- Vamo tirá o Marreta e colocá o Nicolas!

A primeira reação dos torcedores que estavam por perto foi de estranhamento: afinal, o jogo estava apenas começando, e o nosso time vinha muito bem. Perguntei a um torcedor que estava ali por perto se de fato o Nicolas era tão bom assim, e ele confirmou. O Nicolas era muito bom! Em dois jogos havia marcado dois gols! Os pedidos (com ar de xingamento ao técnico) eram freqüentes e insistentes. Eu e outros torcedores, que não conhecíamos o Nícolas, botamos pra funcionar nossa imaginação: Nicolas deve ser forte e veloz como um puma! Deve driblar e enganar os zagueiros com a agilidade de um gato! Puxa, a Baixada está revelando para o mundo mais um craque!

Foi tanta a insistência do fã clube do Nicolas que, aos quinze minutos do segundo tempo, o técnico tirou o Marreta e o colocou em seu lugar. De fato, o jovem mostrou que conhece! Enquanto teve forças, infernizou a vida dos zagueiros, forçando-os a serem punidos com cartões amarelos.

Na saída do estádio meu filho, o Giovanni, comentou sobre o Nicolas:
- Pai, tu não acha que aqueles torcedores exageraram, pedindo a entrada do Nicolas já no primeiro tempo?
- Concordo, filho. Mas sabe como é o torcedor. É pura emoção! Mas me diga uma coisa, se você for comparar o Nicolas com um bicho, por exemplo, um gato ou um puma, com qual dos dois ele mais se parece?

Aí o Giovanni, com a autoridade de quem treina há três anos em escolinha de futebol, respondeu:
- Pai, ele ainda parece com um filhote de gato.
- Por que, filho?
- Ah, ele é ágil, veloz e tudo o mais, mas ainda não é um puma. Ele precisa aumentar a força para escapar da violência dos zagueiros e chegar diante do goleiro com a gana dos grandes artilheiros.

Pouco depois lembrei de dizer ao meu filho que eu havia adotado um gatinho cinza. Só não lhe disse que ele é muito arisco e que não me deixou agarra-lo pra mim saber se é macho ou fêmea. Como sou democrático em algumas coisas, disse a meu filho que ele poderia escolher um nome para o gato.

Assim que chegamos em casa e o gatinho surgiu diante de seus olhos - todo desconfiado e arredio - o Giovanni falou, com ar de torcedor vitorioso:
- Já sei, pai. O gatinho vai se chamar Nicholas!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

OS QUERIBUNS



Os moradores do planeta Queribuns
vivem de sonhos.
Os pedreiros sonham que são jogadores de futebol.
Os frentistas sonham que são padeiros,
e os padeiros, confeiteiros.
Os cozinheiros sonham que plantam soja,
ou que são criadores de gado.
Os Queribuns professores
são os maiores sonhadores:
são médicos, políticos e advogados!

Os Queribuns sonham que são crianças
depois que ficam adultos, e, imagina o furdunço:
as crianças não apenas sonham, elas imitam os adultos!

Foram os Querembens, que moram num planeta próximo,
e que são considerados “príncipes da fofoca”, que disseram:
- Os Queribuns não vivem de seus sonhos,
eles se alimentam dos sonhos dos outros!

domingo, 24 de janeiro de 2010

ANOTAÇÕES

para evitar as náuseas
e a sedução do nada
corro me alimentar
de anotações que fiz e escondi
dentro dos livros.

Algumas delas me trazem à superfície
e drenam os pulmões com vida.
Fazem rir de mim
e até sentir uma certa saudade ao descobrir,
nas promessas que fiz em forma de frases,
o quanto me escondi atrás de um menino sonhador.


Hoje acordei com uma música do Raul
martelando na cabeça.
Batem, rebatem,
sempre os mesmos versos:
"Um psiquiatra disse para que eu me esforçasse
e tentasse voltar à vida...
E eu parei de tomar ácido licérgico
e fiquei quieto
lambendo as minhas próprias feridas".

Os bilhetes que rabisquei
e guardei entre as quatro paredes dos livros
são a droga e o remédio
que mandam pra outros lares
o tédio.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

QUEM SABE OUTRO DIA



Não cospe no prato que você comeu. Foi a lição que me veio, límpida, e lúcida. Mas os insensatos, maioria que habita nosso planeta, a desprezam. Pisam, esmagam o território onde se criaram, e as pessoas que cimentaram o chão que lhes serve de apoio.


Almoçou com outro, totalmente insensível, que eu observei. Enquanto comia, ele só reparava nos negócios que ia realizar pela tarde. Fazia sim com a cabeça aos sussurros dela, sem tragar o mínimo do que ela ofertava com a boca. Seus dentes retalhavam o bife e a alface, impacientes com o assunto que ela colocava na sobremesa.


Não importa se eram conversas ensaiadas do dia-a-dia “Será que vai chover?”, “Mas que tempo meio louco!”, ou se eram propostas de uma tarde inesquecível, os dois mergulhados em banheiras e deitados em redes de orgias, de motel em motel, champanhe, espelhos, pelo norte e pelo sul da cidade.


Só que para ele, naquele dia, as conversas eram pasteurizadas, as músicas do sistema de som do restaurante todas se pareciam. O negócio que estava bem atado para aquela tarde era de, pelo menos, cinqüenta mil reais. Já a relação que ele poderia atar com essa jovem estudante, pouco o entusiasmava. Por causa dos negócios? Por que estava separado há pouco, e as feridas não haviam cicatrizado? Por que sua separação havia trazido um rombo em seu capital? Isso eu não sei.

Ela se foi, ele na frente, apressado, pois tempo é dinheiro, ela tentava não perdê-lo de vista, remoendo seus planos, pensados e revistos para aquela tarde. Planejara passar a tarde com ele, seria o máximo, tomar um sorvete num barzinho de vila, bem no meio da tarde, indiferentes aos negócios.


Não queria solucionar os problemas do mundo. Queria apenas estender sua teia, e que ele recebesse, o mínimo que fosse, uma torrente de amor que se desprendia dessa teia. Acreditava que ele soubesse como era importante um cativar o outro, como lera no Pequeno Príncipe. Cativar, cativar era a teia que ela desejava jogar, como um poncho, sobre seus ombros.


Restou a mesa cheia de restos, pratos, talheres, copos. Ela se foi, mas deixou para mim sua boca, emoldurada a batom no guardanapo, com o seguinte recado de seus lábios: “Quem sabe outro dia?”

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

O DEUS DE ZILDA ARNS



Ontem à noite estava assistindo a um programa de TV na BAND chamado “É tudo improviso”. Nesse programa atores e platéia contracenam, sem seguir um roteiro prévio - um tema, quais as falas, etc. - e, portanto, não é possível saber o que vai acontecer no final.


Ao assistir esse programa de TV me veio uma certa necessidade de estabelecer uma relação com um livro que estou lendo nesses dias: Jogos para atores e não atores, de Augusto Boal – Civilização Brasileira, 2008. O programa da BAND é interessante porque vai de encontro à seguinte idéia de Augusto Boal: “Todo mundo atua, age, interpreta. Somos todos atores. Até mesmo os atores! Teatro é algo que existe dentro de cada ser humano, e pode ser praticado na solidão de um elevador, em frente a um espelho, no maracanã ou em praça pública por milhares de espectadores. Em qualquer lugar... até mesmo dentro dos teatros.”


O programa da BAND possibilita que o público seja co-autor e co-ator do espetáculo. Isso, com certeza, causa nele um efeito mais interessante do que assistir passivamente a performance dos atores, os quais ensaiaram exaustivamente tal performance. Nesse programa há um encurtamento, ou eliminação da distância entre atores e não-atores.


Mas parece que falta algo, um “quase”, a esse programa, mesmo que ele seja muito mais criativo e inventivo se comparado às novelas e ao Big Brother. O “quase” que lhe falta é o de despertar nos sujeitos uma consciência e um desejo de mudar a realidade. Se por um lado “É tudo improviso” traz a platéia para o meio do palco, por outro ele segue o modelo de outros programas de TV, que é o de ter como alvo o mero entretenimento, ou a diversão pela diversão.


Para Augusto Boal, “o teatro deve ajudar-nos a conhecermos melhor a nós mesmos e o nosso tempo. O nosso desejo é o de melhor conhecer o mundo que habitamos, para que possamos transformá-lo da melhor maneira. O teatro é uma forma de conhecimento e deve ser também um meio de transformar a sociedade. Pode nos ajudar a construir o futuro, em vez de mansamente esperarmos por ele”.


Temos a realidade “real” e temos a realidade ficcional, que a arte (teatro, novela, etc.) nos apresenta. O objetivo de Augusto Boal, através de sua proposta teatral, é de que o teatro seja uma ferramenta que leve o sujeito (ator/não-ator, enfim, todos os sujeitos) a tomar consciência da realidade opressora que o cerca, e a buscar superar essa realidade. Nesse sentido, os temas que vão ser encenados na ficção são temas sociais que escravizam e tiram a liberdade dos sujeitos - como os preconceitos raciais e sexuais, o machismo, etc., tão presentes nas últimas décadas do Século XX e início do XXI.


O que cada vez mais anda em falta é recebermos um abalo (quantos graus?) da realidade. Enquanto a tragédia rola solta nas telas de TV dentro de nossas casas (O Haiti é ou não é aqui??; o terremoto é real, quando visto através de fotos diante da tela do computador?? ), nosso tempo desmancha no ar dada a preocupação com as fofocas (ficcionais ou não), com nossa turminha do orkut, onde nos exibimos com fotos, vídeos e frases “inteligentes” que copiamos dos livros. Compartilhamos tanta coisa e tanto tempo com a nossa tribo, que não sobra tempo para nos engajarmos em missões mais “nobres”, como a da Dr. Zilda Arns e outros (as), que estão espalhados pelo Brasil e pelo resto do mundo, agindo de fato em prol de um mundo melhor.


Parece-me que acompanhar o mundo pela TV ou pela internet (seja ou não na ficção) não produz tal choque de realidade. Ocorre o mesmo com o teatro tradicional (vale também para as novelas, etc.). Nesses, há um distanciamento entre ator e público. E, no final do espetáculo, o público não tem despertada a necessidade de melhorar o mundo, pois os atores (sejam heróis ou heroínas) já o fizeram por ele – pena que apenas no âmbito da ficção.
Da mesma forma que os atores do teatro tradicional, o Deus da maioria da população realiza, de maneira heróica, os nossos desejos, sendo o responsável pelo nosso destino. Dessa forma nós, pobres mortais, não temos nenhuma missão a cumprir. Basta depositar nas mãos de Deus, ou dos atores/heróis, nosso futuro.


Já o Deus de Zilda Arns - que morreu no Haiti trabalhando pela causa da vida, a ajuda aos pobres e às crianças – era um Deus solidário. Quem de nós está disposto a contracenar com esse outro Deus, no teatro da vida?

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

SAIONARA



Tanta tragédia eu vejo ao redor

terremotos, guerras, drogas

fofocas fogos de palha

por todo o lugar

a dor absurda se espalha

seja em Ijuí

seja em Araraquara

mas meus olhos se alegram

sorriem e voltam a sonhar

porque apareceu

no seu horizonte

a Saionara!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

MARIO QUINTANA



Eu sonho com um poema

cujas palavras sumarentas escorram

como a polpa de um fruto maduro em tua boca,

um poema que te mate de amor

antes mesmo que tu lhe saibas o misterioso sentido:

basta provares o seu gosto...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

AMADOR

Na praia, tudo nos empurra a deixar pra depois. Aos poucos nos acostumamos ao sossego, como replay em câmera lenta. Pelo menos até uns vinte e poucos de janeiro o ritmo vai ser de tartaruga (sem querer ofender o bicho!) A não ser que alguma inspiração surja no caminho!

Lua crescente lua minguante

lua me leva pra onde for

contra a corrente ou a favor

sou amador sou amador.

A tua boca e o teu beijo

me envenenam pra onde eu for

seja em marte ou seja em Vênus

sou amador sou amador.

Saio pra rua armo barraco

tal qual lunático e agitador

mas quando ganho o teu abraço

viro amador viro amador.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Lya Luft - do livro "Perdas & Ganhos"



Não é preciso consenso

nem arte,

nem beleza ou idade:

a vida é sempre dentro

e agora.

(A vida é minha

para ser ousada.)


A vida pode florescer

numa existência inteira.

Mas tem de ser buscada, tem de ser

conquistada.

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

BEM ANTES DO SUS, PRECISO CUIDAR DO MEU CORAÇÃO


A partir de agora, o Instituto do coração do Hospital de Caridade de Ijuí (HCI) atenderá pelo Sistema Único de Saúde. Serão prestados serviços de Alta Complexidade em Cirurgia Cardiovascular... (...) A estimativa é de que cerca de 1,5 milhão de pessoas sejam beneficiadas com o atendimento. (Zero-hora, 31/12/2009).

Devo continuar judiando meu coraçãozinho para depois, em desespero, depositá-lo ao "deus-dará" nas mãos do SUS?

Tantas vezes o fiz trabalhar dobrado, porque comi e bebi demais.

Tantas vezes o fiz bater acelerado e descompassado, porque tive ódio, inveja, fraqueza e medo. E aí, em vez de dar-lhe folga, devorei copos e pratos cheios de coisas desnecessárias, fazendo-o trabalhar como um escravo.

Nos momentos de correr e caminhar, oportunidade para enrijecer os músculos de meu coração, deixei-me apanhar pela preguiça, e não tive tempo para ouvir a voz da razão e, muito mais, do meu coração.

Não é por acaso que coração simboliza sentimento, emoção. Se alguém te disser, meio rindo, no momento em que você estiver e-xa-ge-ra-da-men-te agressivo, "pra que tanto ódio nesse coraçãozinho!", você tem que responder: "Não meu amigo, não é meu coração que odeia, mas sim minha razão, que é a fonte e depósito de meus pensamentos. Meu coração só quer amar!".

O SUS promete cuidar de meu coração com assistência de alta complexidade, mas eu quero me antecipar a isso, e conhecer a complexidade de meus vasos, os quais permitem o sangue circular pelo meu corpo.

Certo dia fiquei espantado quando li que meus vasos sanguineos, se forem emendados uns nos outros, tem o comprimento tal a ponto de dar duas voltas em nosso planeta. E o meu caro coraçãozinho é quem bombeia sangue para toda essa extensão de mim.

Cuidar do meu coração nada mais é do que cuidar de mim. Porque, se ele parar de bater, o na-da sobre mim se abaterá.

Ele já estava lá

  As pessoas por perto pareciam murchas, daquele jeito, de ideias, uns sonâmbulos, e cansei também de trocar confidências com os cães ...