Bukowski me disse que - aos 50 anos - trabalhava o dia todo
e só escrevia à noite.
Claro, sacava que já estava detonado e tinha,
algumas vezes, ideias suicidas, e uma delas
é o conhecido procedimento padrão:
muitos porres e ressacas.
Em algum momento, percebeu que precisava tirar o pé
e se alimentar melhor e se afastar dos destilados.
Impressionado com a franqueza do meu mestre,
cheguei no Alvorada’s e lá estava o Marcão.
Papo vai, papo vem, tive a coragem de dar-lhe uns “conselhos”,
algo como nos mantermos vivos por mais umas 2 décadas
- quem sabe?
A saída, meu amigo – enfatizei -, é diminuirmos na cachaça
e praticarmos uma alimentação saudável.
Marcão, cheio de histórias para contar e, portanto, sem tempo
para ouvir as histórias dos outros, se ligou no meu papo.
Palestrei sobre os benefícios dos cereais matinais,
ovos galados cozidos e brócolis e couve
refogados com azeite de oliva.
Foi chocante: Marcão afastou o copo e, inclusive,
as tantas doses diárias de Natu Nobilis,
sugou apenas 2 taças de vinho e foi para casa
comer uma sopa de legumes
e assistir uma série na Netflix.
(B. B. Palermo)
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