sexta-feira, 26 de julho de 2024

Algo acontece em Marte

 

As frases perambulavam na cabeça

como outdoors nas esquinas,

e eu ainda acredito que a linha do horizonte, no final do dia,

vai me apresentar “mamãe” – a mulher da minha vida.

 

O marido investigava os consertos

que o cara do posto de combustíveis fazia no caminhonetão,

e ela sentada, séria, gostosa e contemplativa e de Ray-ban,

parecendo me observar, sentado num boteco,

a uns 10 metros.

Triste, eu duvidava de que ela tinha curiosidade,

embora eis-me aqui, quadrúpede em extinção,

maluco que viciou em escapulir do zoológico.

Eu a perdoo por não saber que ando por dentro das coisas

– além da fumaça do óleo diesel e do Glifosato e do 24d

que regam as terras desse Marte do Noroeste do RS.

 

Fitava-me, e parecia pensar:

- Como me livrar do MALA,

como sobreviver a um casamento sem emoção,

mas que garante dinheiro e status.

Coloquei-me no seu lugar:

sentir-me o pior por desejar alguma liberdade,

por não me adaptar a uma relação a dois.

 

No final das contas, ela só estava distraída 

focada em algo prático:

ao chegar em casa, colocar as roupas pra lavar,

dar um OI pras flores do jardim

e comidinha pros seus pets!

 

(B. B. Palermo)


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