Olhava pro fogo mágico da lareira,
pena Lucy ser uma dorminhoca,
uma libriana racional
e prática,
perdeu a oportunidade de contemplar
minha voracidade
poética.
Ela simplesmente diz
que minha chama
acende por causa do álcool.
Não pago para ver.
Me recolho na risível insignificância
e concordo "sim, você tem razão,
apenas em meu íntimo sei que sou
muito comentado
e tão pouco compreendido
quanto a própria Bíblia".
Pena nossa rotina não ser perfeita.
Quero falar da vida mágica
que encontro nos pés de ora-pro-nóbis
se enchendo de brotos no quintal,
bem antes que o inverno acabe,
vem Lucy e me empurra pro abismo
da realidade,
lamentando a dificuldade pra pagar as contas
no final do mês.
Agosto se esvaindo,
então fico doido pra falar
das cores avermelhadas
do amanhecer
e do entardecer,
com a lua cheia despontando nesse cenário,
aí meu anjo vem me lembrar que tais cores
são consequência das queimadas
no Centro-oeste do país.
(B. B. Palermo)
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