Uns beijam, outros não. Os que iniciaram há mais tempo, sonham atingir o último degrau do amor. Outros, porém, se enfeitiçaram e se enredaram com novas modas.
Basta ter
sede para ampliar a lista de contatos, e um bom aparelho que capte os sinais,
fascinantes como outdoors.
Seja
bem-vindo, apocalipse!
Não há tempo
disponível para se arriscar com carinho, amizade, cumplicidade e, enfim, criar
vínculos. Abrir pra ela a porta do carro, espalhar bilhetes apaixonados pelos
caminhos.
Quando a
serpente das “coisas virtuais” seduziu a intimidade dos Adões e Evas atuais, o
amor partiu cabisbaixo, convencido de que é um inútil, uma perda de tempo.
Sabores
instantâneos no whatsapp. Vídeos para todos os gostos. Performances sexuais,
ingênuas ou atrevidas. Câmera do celular ligada, corpos despidos num aposento
qualquer. “Abra as pernas, garota! Deixa que eu abro (fecho) portas e janelas.
‘É nóis!!’ Vamos alcançar um milhão de curtidas. Comigo você vai ganhar o
mundo!” – diz o cafetão play boy.
Meninos e
meninas, no pouco espanto que resta, baixam fotos e vídeos, e compartilham a
santa ceia da tecnologia. Repartem o pão e o vinho da nudez sem segredos,
sozinhos em seu quarto, atrás da tela do computador.
Neste self
service de sabores instantâneos, como massa miojo, quase ninguém percebe um
amor genuíno: o passeio, de mãos dadas, do casal de velhinhos.
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