sexta-feira, 30 de julho de 2010

COMO ARMAR UM PRESÉPIO - José Paulo Paes

Pegar uma paisagem qualquer
cortar todas as árvores e transformá-las em papel de imprensa
enviar para o matadouro mais próximo todos os animais
retirar da terra o petróleo ferro urânio que possa

eventualmente conter e fabricar carros tanques aviões

mísseis nucleares cujos morticínios hão de ser noticiados

com destaque
despejar os detritos industriais nos rios e lagos
exterminar com herbicida ou napalm os últimos traços de vegetação
evacuar a população sobrevivente para as fábricas e

cortiços da cidade


depois de reduzir a paisagem à medida do homem
erguer um estábulo com restos de madeira cobri-lo de

chapas enferrujadas e esperar


esperar que algum boi doente algum burro fugido algum

carneiro sem dono venha nele esconder-se
esperar que venha ajoelhar-se diante dele algum velho

pastor que ainda acredite no milagre
esperar esperar
quem sabe um dia não nasce ali uma criança e a vida recomeça?

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Belíssimo, não quero arrumar um presépio!

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  3. MÁGIC


    ( a josé paulo paes in memória )


    zaz!
    zaz!
    zaz!
    zaz!
    cabrummmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm!

    IN - VEN - ÇÃO!


    SÉRVIO LIMA

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  4. Grande poeta o José Paulo Paes. Poeta que vale sempre apena ler e reler.

    sérvio lima

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  5. Gostaria de colaborar com o blog com mais um poema meu
    se for do seu interesse o publique.


    EPIGRAMIA DO EPITÁFIO


    epitolágrimas
    entrerisos
    elíras


    SÉRVIO LIMA

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    Respostas
    1. Oi, Sérvio, gostei de teu poema! Abraço. Como faço para seguir teu blog?

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  6. Sérvio, já estou seguindo teu blog... Se quiseres seguir o blog do TECOPOETASONHADOR... São belos os teus poemas! Abraço

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