Apaixonado.
Os
poemas são ruins.
"Podemos
escrever
embriagados
de amor,
mas
o amor
não
estar no texto"
-
disse Carpinejar.
Prefiro
estar
mil
vezes apaixonado.
Poemas
sabem
esperar.
(B.
B. Palermo)
Apaixonado.
Os
poemas são ruins.
"Podemos
escrever
embriagados
de amor,
mas
o amor
não
estar no texto"
-
disse Carpinejar.
Prefiro
estar
mil
vezes apaixonado.
Poemas
sabem
esperar.
(B.
B. Palermo)
Na
cidade de Sofrência
não
circulam boas novas,
o
que predomina é competição
e
desespero.
Há
ciclovias, mas não estão na rua principal.
Por
ali as colmeias desfilam
seus
carrões e motonas, muitos aparecendo
e
poucos observando.
As
ruas secundárias andam tranquilas,
mas
fazem pouco sentido,
não
servem de espelho
para
tamanhos egos.
Sofrência
é moderninha,
tudo
o que for retrô já era,
dá
um desespero lembrar
que
foi adolescente rebelde.
Transborda
modernidade
e
quase nenhuma
história.
(B.
B. Palermo)
Seja
como for, eu imagino
que
são ninfetas cantando
cedo
da manhã ao lado da janela
do
meu quarto,
em
vez de operários da Corsan
com
suas retroescavadeiras perfurando
as
artérias
e
colocando stents
em
minha rua.
Seja
como for,
eu
imagino,
enquanto
acordo de ressaca
e
me espanto
ao
contemplar as olheiras
diante
do espelho.
(B.
B. Palermo)
Até cogitei ser um homem reto,
levar os deveres da sociedade
a sério,
maneirar no copo
e praticar meditação Zen Budista.
Porém, desconfio que as almas grandes
não se deixam escravizar
pelo trabalho + lar + deveres
cotidianos.
Almas grandes fogem das clínicas psiquiátricas
e se refugiam nos cantinhos escuros
dos botecos.
Almas grandes deliram,
têm loucuras endiabradas
e acreditam que seus anjos da guarda
curtem beber
tanto
quanto.
(De Buk para o Palermo)
Conheço multidões que, vez ou outra,
embarcam numas fases meio naturalistas.
Cuidam da horta, das galinhas
e leem os filósofos da moda.
Eles sempre encontram uma frase
para explicar a droga de mundo
em que vivem.
Por falar nisso, garoto,
em qual mundo VOCÊ vive?
(De Bukowski para o Palermo)
Queria
me concentrar no jogo,
era
o último amistoso do time
antes
do início da Copa FGF.
Queria
entender a mecânica da gurizada no campo,
se
avançava trocando passes ou se dava chutões,
em
ligações diretas da defesa pro ataque.
Mas
eu, um velho sublime e sujo,
estava
com meus amigos
e
não consegui me concentrar.
Meus
amigos, de passagem, são uma gentalha
pra
lá de criativa e animada.
Eles
só falavam do episódio
que
matou a sede de fofoca
de
nossa próspera cidade.
Ora,
ora, foi um episódio qualquer
que
se passou num motel.
Um
pai, avô, empresário, enfim, cidadão do bem,
mordeu
as bolas de um travesti.
Foi
sangue pra todo lado, e isso atraiu a polícia
e
um bando de caçadores de notícias.
Tanta
conversa animada no estádio
me
desviou dos detalhes do jogo.
Só
lembro que terminou
1
X 1.
(B.
B. Palermo)
Tu
só pensa no Renato.
Eu
só penso na Carol.
É
mais fácil conquistar a Carol
do
que o Grêmio ganhar a Libertadores
no
ano que vem.
(B.
B. Palermo)
-
Bah, Cadelão, não é que a mina
me
trocou por um tal de Zé Terraplana?
É
um carinha que late furioso na internet...
-
Beiço, acho que ela busca
o
prazer do desconhecido.
Tu
sabe, quer mais e mais dopamina e tals.
-
Acho que o maluco quer voltar
a
viver nas cavernas.
-
Pois é, talvez o retorno as cavernas
seja
altamente prazeroso.
Parece
que a tua performance sexual
não
mais satisfaz a mina hehehe...
-
Sou ou não sou um fodido?
-
Totalmente!
(B.
B. Palermo)
Ontem
o Wolverine jogou na minha cara
algumas
verdades:
"Palermo,
vejo que tu é bem mutante nas ideias,
por
exemplo sobre a origem do universo,
sua
expansão,
a
existência de multiversos e tals.
Inclusive,
tu disse que vai chegar lá,
vai
ser um poeta para físicos.
Me
explica, então, por que tu anda tão limitado
nas
ideias sobre política e amor?"
Notei
que Wolve e eu habitávamos
universos
diferentes.
Enquanto
ele estava no quinto litrão de ceva,
eu
estava no primeiro.
(B.
B. Palermo)
Olho
pra mulher séria
saindo
do banheiro do bar
e
desconfio que ela é mais uma tia do Whats,
irmã,
parente ou conhecida,
bem
intencionada em sua urgente missão
pra
nocautear de vez
os
problemas da política,
jogando
no caldeirão do inferno
quem
pensar diferente.
Seu
olhar demorado me alerta
para
os caminhos do bem.
Não
vejo nele qualquer solidão,
angústia
ou dúvida
com
relação
aos
caminhos pro futuro.
Nenhuma
sinfonia de Beethoven,
nenhum
pesadelo infantil...
Desconfio
que ela me vê um velho sujo e feio...
É
inevitável o estalo:
sábios
e sábias, tementes a Deus,
viemos
direto da Idade Média,
ou
compartilhamos nossas fakes
desde
o tempo em que os macacos desceram das árvores
e
decidiram não mais caminhar de 4.
(B.
B. Palermo)
Da
vida não espero muito mais
do
que um lugar discreto,
copo
de cerveja
e
inspiração.
Da
sacada de um posto de combustíveis,
contemplo
a folha em branco e me distraio
com
os caras da Brigada,
descendo
da viatura.
Eles
não sabem que um dia, talvez,
amanheça
um tipo importante,
um
escritor meio a meio:
católico e ateu e apostólico
e judeu
e italiano e neurótico
e
esquizofrênico,
sujeito
que pensa que é eclético,
embora
o mundo seja indiferente
ao
seu manso existir.
Meio
adepto da filosofia epicurista,
pregador
da simplicidade,
centauro
no jardim
fugindo
dos atoleiros dos desejos.
O
cândido acredita na mudança
de
rumos.
Acredita
que, como na vida real,
poemas
de amor também podem ser
corrigidos.
(B. B. Palermo)
Já fui o “docinho” de muitas beldades, executivas, professoras, gerentes de lojas e bancos, garotas de programa, diaristas. Doci...