Você se engaja
aos discursos das manadas
e se sente menos culpado
das cagadas
diárias.
Compartilha ideias que lhe agrada,
desde teorias conspiratórias
até as fake news
mais "ingênuas",
e se sente poderoso,
um James Bond
ou Dom Juan
das redes sociais.
Junto a outros milhões
de desconhecidos,
você é um solitário anônimo,
mas alguns mecanismos
sacanas
que você não compreende
passam a sensação de que você
é o sujeito
da história.
Parece que tal bizarrice kafkiana
é fundamental pra não cairmos no abismo,
cometendo homicídios em massa
ou suicídios.
O que é certo é que tal coisarada vicia:
Netflix, Facebook, Whatsapp, Instagram
levam a comportamentos que parecem
com o do bêbado da esquina,
carente de álcool desde as primeiras horas
da manhã.
Estamos enredados em armadilhas.
Não sei se alguma verdade
nos salvará.
(B. B. Palermo)