segunda-feira, 9 de novembro de 2009
SIMULTANEIDADE - Mário Quintana
sábado, 7 de novembro de 2009
VAMPIROMANIA
Se ela surgisse
vertendo sorrisos
desfiando a roupa
e cheia de planos
se me vasculhasse
tintim por tintim
com desejo ardente
de uma adolescente
se fosse vampira
que reaparecesse
a cada cem anos
pra sugar minha vida
com afiados caninos
bebendo meu sangue
fazendo tintim
com seu canudinho
e rindo de mim
chutaria o destino
pra tê-la comigo
lambendo meus sonhos
e rindo assim
se ela não fosse
vampiromaníaca
eu daria o fora
sem me despedir
e não me importa
que o monstro ou deus
agora se zangue
e suma pra sempre
e nunca mais faça
a coleta de sangue.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
FEIRA DO LIVRO DE IJUÍ
Num mundo repleto de individualismo, e também do imediatismo e velocidade que a tecnologia nos proporciona, retomar a cultura popular é valorizar a experiência coletiva. É isso que defendemos, através da contação de histórias: reconstruir o discurso coletivo. Principalmente para não sermos tragados e engolidos pelo mundo virtual. Enquanto que o tempo da cultura atual é o do imediatismo, do instante, a cultura popular nos coloca em tempos de longa duração.
Num segundo momento, desenvolvemos declamação de poemas, principalmente dos poetas brasileiros, Sérgio Capparelli e Ricardo da Cunha Lima. Ler poemas em voz alta não é bem ler: ao fazer isso, exploramos seu ritmo, sua musicalidade, com ouvidos bem atentos, e assim a experienciamos com mais profundidade.
A poesia está no cotidiano, e passa pelos nossos olhos e ouvidos. Está no lúdico, na alegria, nos brinquedos, na corporeidade. Isso as crianças vivem, diferente dos adultos que acham que poesia é algo difícil, distante. Nosso objetivo, com essas oficinas, é redescobrirmos a poesia que há na vida.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Paulo Leminski - do livro Caprichos e relaxos
domingo, 1 de novembro de 2009
PAPUDOS
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
MÁSCARA
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
METADES
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
DO LIVRO "TUDOS" - Arnaldo Antunes
não ouvi mais o cantar da musa.
A dúvida cobriu a minha vida
como o peito que me cobre a blusa.
Já a mim nenhuma cena soa
nem o céu se me desabotoa.
A dúvida cobriu a minha vida
como a língua cobre de saliva
cada dente que sai da gengiva.
A dúvida cobriu a minha vida
como o sangue cobre a carne crua,
como a pele cobre a carne viva,
como a roupa cobre a pele nua.
Estou cego a todas as músicas.
E se eu canto é como um som que sua.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
LIBERDADE - Fernando Pessoa
não cumprir um dever,
ter um livro para ler
e não o fazer!
Ler é maçada,
estudar é nada.
O sol doira
sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa,
de tão naturalmente matinal,
como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
a distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
esperar por D. Sebastião,
quer ver ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
flores, música, o luar, e o sol, que peca
só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
é Jesus Cristo,
que não sabia nada de finanças
nem consta que tivesse biblioteca...
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
ALEGRIAS E TRISTEZAS
De vez em quando eu tenho uma tristeza.
Acho que é porque eu fico só.
Meus amigos fogem da minha agenda
e dizem que estão exaustos
numa rotina de dar dó!
Eu tenho a companhia de uma folha em branco.
É daquelas que aguardam, pacientemente,
A visita de dona inspiração.
É meu diário.
Não, não é festa, som alto,
brindes, piadas e outros encontros.
É pôr do sol, céu estrelado
e muito silêncio.
Nessa hora,
triste por ser refém
da deusa da beleza,
encontro algumas palavras
e também, com alguma sorte,
alguns versos e um pouco de amor!
terça-feira, 20 de outubro de 2009
COLUNA POLICIAL
O jornal está aberto
na coluna policial.
Alguém bateu
alguém brigou
alguém morreu
deram tiro
arrombaram
assaltaram
Leio o jornal
de trás pra frente
é piada
é horóscopo
é futebol
pan, pan, pan, pan!...
Uma criança
pede algo
pra comer.
A geladeira
não fez feira
só tem maçã.
- Só isso?!
Fico triste
com a miséria
desse mundo
um alarme
estressado
do meu bairro
quer socorro
ergo muros
boto grades
piso fundo...
Tenho medo de morrer
tenho medo de morrer
tenho medo de morrer!
Ele já estava lá
As pessoas por perto pareciam murchas, daquele jeito, de ideias, uns sonâmbulos, e cansei também de trocar confidências com os cães ...
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Nada a ver, menino! Baratas, sobreviventes neste planeta há 6 milhões de anos, passeiam pela sala cantarolando um samba do “Demô...
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Garota, nossos destinos têm pernas bambas e percorrem umas trilhas nada paralelas. Veja bem, você não leu Schopenhauer nem Han...