Meu pai tem que usar óculos para colocar a isca no anzol. Mas gosta cada vez mais de pescar.
Meu pai não lê as bulas de remédio, mas sabe de cor a maneira mais saudável de se alimentar.
Meu pai tem olhos perfeitos para enxergar longe, mas às vezes tropeça e se confunde com o que está debaixo do seu nariz.
Meu pai já teve mais paciência com seus amigos, mas continua a abrir as portas para eles.
Meu pai vive chamando a atenção sobre o certo e o errado, mas agora, acho que de tanto ler os jornais, silencia e aceita as coisas erradas dos governantes, que ele ajudou a escolher.
Fico orgulhoso do esforço de meu pai, embora muitas vezes ele se preocupa demais com o futuro, e esquece das coisas do presente.
Meu pai é meio distraído, ou finge não perceber tanta coisa que se passa comigo. Finge, sim! Porém, ator de tantas promessas e trapalhadas, meu pai é o melhor pai do mundo!
Ah, ia me esquecendo: mesmo distraído pra tantas coisas, meu pai nunca deixou de sonhar!
Limerick, em inglês, é o nome de um poema bem-humorado, feito de cinco versos. Os dois primeiros versos rimam com o último, enquanto o terceiro e quarto versos, mais curtos, rimam entre si. Um dos grandes expoentes nessa arte foi o inglês Edward Lear (1812-1888), mas quem fez com que o limerick se tornasse limerique mesmo, em português, foi Tatiana Belinky.
Uma das personalidades literárias mais conhecidas no Brasil, Tatiana Belinky nasceu em 1919, na Rússia, e chegou ao nosso país com dez anos de idade. Além de traduzir clássicos como Tolstoi e Tchekhov, criou e adaptou para a televisão inúmeras obras de literatura, dentre as quais se destaca a série O Sítio do Pica-pau Amarelo. É autora de mais de cem livros.