terça-feira, 24 de maio de 2022

Minhas obras completas


Estar dentro do casamento implica

ficar do lado de fora da vida boêmia.

O inverso dá no mesmo.

"Deixei de fazer o que queria por causa de você".

"Abri mão de ter filhos e uma família

pra investir numa carreira.

Só Deus sabe o preço que paguei".

Passaram-se 20, 30, 40 ou até 50, 60 anos e você sempre ocupado,

embora sonhando com as reviravoltas prometidas.

As regras sociais podam o imaginário,

e você percebe que cercas elétricas

e portões eletrônicos

dobram de tamanho.

Um homem precisa de adrenalina,

diz o Manetta no bar,

enquanto espera pelo flush

no pôquer virtual.

Empino outro litrão de ceva

enquanto ouço Anaconda chamar,

ofertando toneladas

de adrenalina

turbinada,

deixando-me aturdido

por loucas sensações.

Assustadoramente irresistível,

mostra-se aos meus olhos

nas minhas horas mais patéticas.

Obsessiva, diz que temos tudo a ver,

e sinto que se a roda embalar

nunca mais irá brecar...

e o Grand Canyon é logo ali.

Embriagado, atravesso galáxias,

já que a Deusa me persegue

como se fosse bola de fogo.

Deixo que me energize

e me pendure num varal

junto ao sol,

e o seu amor de mil graus

me dá um abraço infinito.

"Cadelão, deixe para trás

o cascalho da vida,

minha Serra Pelada contem

todo o prazer do mundo,

nela mergulharás no ouro

e enfim viverás tuas aventuras                              

inéditas.                                                           

Vem, decifra-me,

e assim morrerás de prazer

e exibirás ao mundo

as tuas obras completas".

 

(B. B. Palermo)

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