Arredio, lembro que
olhava para todos os lados, mas não sabia pra onde ir. Um animalzinho cercado
por predadores. De sua aldeia distante, meu corpo berrava, enviava sinais, cãibras
nas pernas, dedos trêmulos, suores noturnos, dores de barriga inexplicáveis, coração
disparado.
Com o passar do tempo
domei medos e deveres. Me afastei do mundo para sobreviver.
Também fui ovelha
seguindo ordens, mas aos poucos recusei convites para ser um líder.
Nas urnas
periódicas simpatizo cada vez mais com teclas de brancos e nulos.
Quando crescer saberei
o que fazer.
(B. B. Palermo)
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