Quanto mais você quer
que ele fale, mais ele se cala. Curioso pelo seu comportamento perto do
inverno, pergunto aos plátanos, quando saio a caminhar.
Com o olhar, pergunto às
garçonetes, que insistem em satisfazer minha gula de anjo. Mas de anjo não tenho
nada, pois ando curioso com o movimento de suas ancas e pernas, quando sorriem
para os clientes em cada mesa que passam.
Minhas perguntas
silenciosas dirigem-se aos dramas da amiga que conheci a poucos dias. Mas o que ela sente não tem nada a ver com a profusão de minhas tristezas.
Olho pra todo lado pra
evitar olhar o centro. Mas este desliza, torna-se oco. O que se esconde por lá?
Minha gata simplesmente
sumiu. O ambiente está abafado, as contas descontroladas, na última semana de
abril.
Um conhecido diz que
sua prole aumentou. O medo do câncer também. O medo dos agrotóxicos e do
excesso de luz.
Um quilinho a mais, o
esforço ladeira abaixo.
O conselho da amiga,
tão singelo e ingênuo.
Quanto mais você quer
falar, mais você se engasga.
Quanto mais você quer
emagrecer, mais você engorda.
Devem ser bons
presságios, ou sinais imperceptíveis do inferno. Ou, quem sabe (tomara), bons
fluidos que sopram com os primeiros frios deste inverno.
(Tiradas do Teco, o
poeta sonhador)
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